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A Champions League das nações em Lisboa

Os finalistas são da mesma cidade, mas boa parte da Europa estará na final de Lisboa, já que se falará de Itália, País de Gales, Croácia, Bélgica, Turquia, Portugal e não só.

Cristiano Ronaldo e Fábio Coentrão, portugueses do Real Madrid
Cristiano Ronaldo e Fábio Coentrão, portugueses do Real Madrid ©Getty Images

Portugal
Portugal estará unido e dividido para a final. Unido porque o povo português sabe da importância de uma final como esta, não só para o país, mas também individualmente, pelo facto de o jogo ser disputado por futebolistas portugueses, querendo isto dizer que pelo menos um deles irá saborear o gosto da glória em solo nacional. A divisão chega no momento em que é preciso escolher uma equipa. Tal como o ex-jogador Nuno Gomes disse: "Para mim vai ser complicado, já que são todos meus ex-companheiros de equipa e mantenho boa relação com eles."

Será também uma tarefa difícil para os adeptos do Benfica, já que TiagoFábio Coentrão jogaram pelo clube "encarnado" e estarão, agora, em lados diferentes do campo. Quanto a Cristiano Ronaldo, declarou: "Sempre sonhei ganhar uma Champions como jogador do Real Madrid. O facto de isso poder acontecer no meu país, e no Estádio do Sport Lisboa e Benfica, torna tudo mais especial."

Itália
O derby de Madrid pode também dividir a Itália em facções da mesma cidade. Os adeptos do AC Milan e da AS Roma poderão muito bem apoiar o Real Madrid de Carlo Ancelotti, enquanto os de FC Internazionale Milano e da SS Lazio adorariam ver Diego Simeone erguer o troféu pelo Club Atlético de Madrid. Como jogador, Ancelotti ganhou o "scudetto" e quatro Taças de Itália pela Roma antes de transferir-se para o Milan e arrebatar duas vezes a Taça dos Clubes Campeões Europeus, feito que repetiu como treinador deste clube. "Desejo a Carlo a maior das sortes", disse o actual técnico do Milan, Clarence Seedorf. "Ficarei muito contente se o seu Madrid conquistar o troféu."

Simeone conquistou o "scudetto" e a Taça de Itália na qualidade de médio da Lázio, mas também guardou belas memórias dos dois anos que passou no Inter. "Ele procurava sempre a perfeição", disse Fabio Liverani, antigo colega de equipa na Lázio. "Fez uma época fantástica e acredito que o Atlético pode ganhar. Desejo-lhe o melhor."

País de Gales
Gareth Bale demorou algum tempo a dar provas do seu valor junto da imprensa espanhola, mas o talismã do futebol galês dos nossos dias tem pouco de imperfeito aos olhos daqueles que o vêem a partir do seu país-natal. Recentes actuações inspiradas pelo País de Gales fizeram de Bale a figura de proa da selecção orientada por Chris Coleman, e os seus feitos na capital espanhola foram também seguidos de perto por aqueles que o consideram uma das melhores coisas que aconteceram ao futebol galês em muitos anos.

Apenas outros quatro futebolistas galeses figuraram na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus ou da UEFA Champions League, e um jogo positivo de Bale no duelo de sábado apenas aumentará a crescente convicção de que o País de Gales pode qualificar-se para um grande torneio internacional.

Alemanha
Sami Khedira, jogador do Real Madrid, tem um papel importante nos planos do seleccionador da Alemanha, Joachim Löw; de facto, ao anunciar a equipa provisória para o Campeonato do Mundo, disse que o médio era a única excepção à regra segundo a qual só levará jogadores completamente aptos fisicamente para a América do Sul. Naturalmente que a equipa técnica da Alemanha ficaria satisfeita com a ideia de Khedira ter tempo de jogo em Lisboa – o que parece possível, agora que Xabi Alonso está suspenso. "Até sábado à noite, aquilo que conta para Khedira é a 'décima', e não a sua 'Deutschland'", podia ler-se na versão "web" da revista Stern. "Jogar na final da Champions League podia valer a Khedira mais que o primeiro dia de trabalho no estágio da Alemanha."

Segundo o Frankfurter Rundschau, no entanto, é muito difícil que Khedira tenha lugar no "onze" inicial, tendo citado o treinador Carlo Ancelotti: "Fez um trabalho fantástico e profissional. Mas não fez muitos jogos e esse é o problema." O jornal prossegue: "O técnico sugeriu que é mais provável que jogue Asier Illarramendi no lugar de Xabi Alonso, em vez do internacional alemão vindo de lesão prolongada."

Croácia
A Croácia soube ainda antes da realização das meias-finais que estaria representada em Lisboa, já que Mario Mandžukić, do FC Bayern München, defrontou Luka Modrić, do Madrid. Modrić venceu e está prestes a tornar-se no 15º jogador croata na final da maior competição da UEFA, uma lista que começou em 1980 com Ivan Buljan, do Hamburger SV, e que chegou a Mandžukić na época passada.

Mandžukić consta de uma lista de sete vencedores, com Robert Prosinečki, Alen Bokšić, Zvonimir Boban, Davor Šuker, Dario Šimić e Igor Bišćan. Modrić é considerado o melhor jogador croata do momento, e não só os adeptos mas também os média acreditam que se acabar por tornar-se no oitavo daquela lista, continuará sob esse espírito no Mundial do Brasil.

Bélgica 
A dupla do Atlético formada por Thibaut CourtoisToby Alderweireld fará deles alguns dos mais raros belgas se, de facto jogarem, na final de Lisboa. O Club Brugge KV foi a única equipa belga a chegar a uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, tendo perdido por 1-0 para o Liverpool FC em 1978; enquanto nove anos mais tarde – e sob o olhar atento do árbitro belga Alexis Ponnet –, Jean-Marie Pfaff defendia a baliza do Bayern na derrota por 2-1 frente ao FC Porto.

O primeiro sucesso belga na prova aconteceu em 1988, quando o defesa Eric Gerets ajudou o PSV Eindhoven a bater o SL Benfica nas grandes penalidades, enquanto a era belga na UEFA Champions League começou com Raymond Goethals a treinar e conduzir o Olympique de Marseille à vitória - de resto continua a ser o vencedor mais idoso. Mais recentemente, Daniel Van Buyten ajudou o Bayern a chegar a três finais, mas, ainda que tenha jogado nas derrotas de 2010 e 2012, foi suplente não utilizado no triunfo obtido o ano passado frente ao Borussia Dortmund. Courtois sabe a importância de um sucesso europeu para o seu país: depois da vitória do Atlético em 2012 na UEFA Europa League, recolheu uma bandeira junto dos adeptos e exclamou: "Podemos estar orgulhosos da Bélgica."

França
No outro lado dos Pirenéus, especialmente no centro de treinos de Clairefontaine – onde está reunida a selecção de França para o Mundial –, haverá grande interesse na final. "Karim Benzema está em grande forma", disse o seleccionador francês, Didier Deschamps, em referência ao avançado de 26 anos do Real Madrid, que desiludiu no UEFA EURO 2012 mas que está entre os candidatos ao papel de estrela no Brasil, depois de marcar quatro golos nos últimos cinco jogos internacionais. "Ele tem de ser um líder", disse o comentador televisivo e ex-avançado Omar Da Fonseca. "As expectativas em torno dele estão elevadas, atendendo à época que fez."

Improvável nos titulares do Real, Raphaël Varane, de 21 anos, é um jogador para o futuro do seu clube e do seu país, tendo impressionado nos cinco jogos que fez por França, onde ainda assim ficou em segundo plano, em detrimento do mais experiente Éric Abidal, na equipa para o Mundial.

Turquia
Sem surpresas, o foco estará em Arda Turan, e ainda estaria mais não fosse ele uma das duas maiores dúvidas do Atlético em termos de lesões. O extremo de 27 anos – que ajudou o Atlético a vencer a UEFA Europa League em 2012, um ano depois de chegar do Galatasaray – poderá tornar-se o primeiro jogador turco a erguer o troféu da Liga dos Campeões, juntando-se assim a mais de 50 outros países produtores de campeões. A Turquia já esteve representada anteriormente na final por Yıldıray Baştürk (Bayer 04 Leverkusen, 2002), Hamit Altıntop (FC Bayern München, 2010) e Nuri Şahin (Borussia Dortmund, 2013).

Repórteres: Paolo Menicucci, Mark Pitman, Steffen Potter, Elvir Islamović, Berend Scholten, Christian Châtelet e Luís Piedade