Khedira contente por ficar na sombra
segunda-feira, 22 de abril de 2013
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Sami Khedira fala à Champions Matchday sobre o facto de se estar a tornar um estratega no Real Madrid, sobre Patrick Vieira e as razões pelas quais a "Décima" é "mais motivação do que um peso".
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Há jogadores que atraem as atenções e que se destacam sob os holofotes - e depois há Sami Khedira, o médio do Real Madrid CF habituado a ficar na sombra de outras estrelas.
Quando os "merengues" contrataram duas das figuras da selecção da Alemanha que brilhou no Mundial de 2010, o foco das câmaras foi dirigido a Mesut Özil, e não a Khedira. Depois dos jogos, quando o meio-campo do Real Madrid é analisado, é a Xabi Alonso que as críticas ou os elogios são dirigidos, e não a Khedira. Mas o médio germânico dá-se bem com isso.
"Percebo perfeitamente que o destaque seja para Cristiano Ronaldo, Özil ou [Karim] Benzema", afirmou Khedira à Champions Matchday, a revista oficial da UEFA Champions League. "É normal. São os artistas e são eles que fazem pontapés de bicicleta e fintas incríveis. Temos uma equipa fantástica, com os melhores avançados do mundo, mas temos de ganhar a bola primeiro."
Khedira entende a sua função. Em Outubro, na derrota por 2-1 com o Borussia Dortmund, na fase de grupos, o alemão saiu lesionado aos 20 minutos, o que o levou a falhar o outro jogo, cujo resultado terminou 2-2. Foi notório que, nessas partidas, Alonso sentiu mais dificuldades para ditar o ritmo do jogo do Real. Sem o habitual parceiro de meio-campo, o internacional espanhol viu-se obrigado a recuar mais no terreno e teve menos tempo a posse da bola.
Khedira, que fez 26 anos a 4 de Abril, sabe bem quais são os seus pontos fortes. Questionado recentemente sobre a forma como se descrever enquanto futebolista, respondeu: "Fiável, forte e com enorme vontade de vencer." O nome do modelo a seguir reflecte esse auto-elogio realista. "No início da minha carreira, sempre me inspirei em Patrick Vieira", revelou. "Envolvia-se muito no ataque, era bastante forte a defender, corria imenso, era agressivo e tinha excelente técnica."
Todas as palavras são poucas para descrever a influência do treinador José Mourinho na evolução do internacional alemão. "Quando cheguei ao Real Madrid, era basicamente um jogador defensivo", diz Khedira. "Estava lá para defender, mas na selecção era sempre mais ofensivo e José Mourinho percebeu isso."
"Muitas vezes era demasiado impetuoso e ele tirou isso do meu jogo. Disse-me para ter mais calma, para jogar de forma mais inteligente e usar a cabeça. No passado, eu pensava que tinha de ficar de rastos para ajudar a equipa da melhor maneira que pudesse. Agora, jogo de forma mais subtil e mais calma. Ele tornou-me um estratega. É um dos melhores treinadores da actualidade, o melhor que já tive. Repara nos pontos fortes que cada jogador tem e quer sempre tirar o melhor de todos."
O técnico português fez precisamente isso desde que chegou ao Santiago Bernabéu e, na presente época, levou o Real Madrid à terceira meia-final consecutiva da UEFA Champions League. O Dortmund será, desta vez, o adversário do gigante de Espanha na procura do histórico décimo título europeu consecutivo.
"Quando cheguei a Madrid, toda a gente falava da 'Décima'", referiu Khedira. "Como não falava espanhol, não sabia o que queriam dizer. Demorei um pouco a perceber, mas em Madrid a 'Décima' é tudo."
"Pressão? A Champions League não é pressão, mas o nosso objectivo. Na equipa, há enorme vontade de a vencer. O nosso guarda-redes, Iker Casillas, é único que já ganhou um dos nove títulos europeus do clube. A pressão existe sempre no Real Madrid e estamos habituados a ela. Pela minha parte, o que quero é ganhar troféus. É essa a minha ambição desde o início da carreira, pelo que, para mim, a pressão não é um problema. É provavelmente mais uma motivação do que um peso nos ombros."
Esta é uma versão editada de uma entrevista incluída na edição mais recente da Champions Matchday. A revista oficial da UEFA Champions League está disponível em versões digitais na Apple Newsstand ou Zinio, bem como na versão em papel. Pode seguir a Champions Matchday no Twitter em @ChampionsMag.