Alonso fala de Ronaldo, de Mourinho e da "décima"

Xabi Alonso, médio do Real Madrid CF, fala à Champions Matchday sobre a complexidade de actuar na sua posição em campo, do embate com o Manchester United FC e da demanda da equipa "merengue" pela conquista do histórico décimo título de campeã europeia de clubes.

Quais são as principais qualidades de José Mourinho como treinador?

Acima de tudo, fascina-me a sua capacidade de criar empatia e de se relacionar com os jogadores, algo que não é nada fácil. Quando conseguimos ter à nossa frente um grupo que nos apoia e que acredita nas ideias que estamos a transmitir... é isso que faz um líder. E o nosso treinador é assim. Para mim, é um dos melhores treinadores.

De que forma Mourinho influencia a sua forma de jogar?

Para além de ter um grande conhecimento sobre o jogo, ele domina muitos elementos a nível das variações tácticas que vão ocorrendo durante cada partida. E, depois, acima de tudo, na preparação para os jogos fala sempre em "ensinarmos a nós mesmos", fala da forma como nos podemos preparar psicologicamente para disputar cada jogo. Isso é extremamente importante, particularmente para nós, no Real, que temos obrigação prática de ganhar todos os jogos.

Descreva o seu papel na equipa...

A minha posição em campo é muito importante. Um médio-centro tem de estar sempre envolvido no jogo, pronto para ajudar os seus colegas e fazer a ligação entre a defesa e o ataque. Um médio-centro nunca se pode esconder; tem de estar totalmente concentrado e ser consistente ao longo dos 90 minutos. Não pode, nunca, perder a concentração. E deve tentar tocar na bola o menos possível, limitando-se a fazê-la circular de um lugar para o outro, da defesa para o ataque, da esquerda para a direita.

Qual a importância da inteligência táctica para os jogadores que actuam na sua posição?

É fundamental. É imperativo que se saiba abordar os jogos tacticamente, porque durante um jogo ocorrem diferentes variações que podem originar desequilíbrios. E quanto menos desequilíbrios ocorrerem, mais fácil se torna controlar o jogo e mais fácil fica chegar à vitória.

Qual é a primeira coisa que lhe passa pela cabeça quando recebe a bola?

Normalmente já tenho uma ideia de onde quero colocar a bola quando a recebo. É importante antecipar cada situação, olhar para um colega desmarcado ou para um espaço do qual a equipa possa tirar vantagem. É fundamental tentar ler o jogo antecipadamente porque, quando se joga ao mais alto nível, se há coisa que não se tem é muito tempo para pensar.

Como é jogar ao lado de Cristiano Ronaldo?

Ele é o jogador mais ambicioso que alguma vez conheci. A sua vontade e o seu desejo de marcar golos em todos os jogos são impressionantes. Possui enormes qualidades atléticas e técnicas. É um jogador completo: remata bem, sabe desequilibrar no um-para-um, é extraordinário a encontrar espaço e tem sempre um "timing" perfeito.

Quais são as diferenças entre o estilo de jogo do Real Madrid e o estilo de jogo da selecção de Espanha?

No Real somos uma equipa que faz transições muito rápidas, com passes mais longos, para criar oportunidades de golo. Não nos preocupamos tanto em manter a posse de bola só por si e temos sempre um objectivo claro, que é chegar à área contrária o mais rapidamente possível. E isso funciona muito bem com os jogadores que temos na frente de ataque, que são muito fortes a criar desequilíbrios e a encontrar espaços para chegar a golo. Na selecção nacional é diferente. O nosso futebol passa mais por circular a bola até conseguirmos criar uma oportunidade.

Que importância tem para si enfrentar o Manchester United?

Da perspectiva dos adeptos, dada a história dos dois clubes, este é um daqueles embates que todos querem ver no futebol. Para o Cristiano, que jogou no United durante vários anos, é ainda mais especial. Mas para mim também é especial. Quando jogava no Liverpool os jogos contra o United eram sempre extremamente intensos e muito importantes, uma vez que existe uma enorme rivalidade entre os clubes.

Venceu a UEFA Champions League ao serviço do Liverpool FC. O que se sente ao erguer aquele troféu?

É incrível. Foi o meu primeiro grande troféu e a forma como foi conquistado tornou a ocasião ainda mais especial. Foi bastante inesperado, porque o Liverpool não era o favorito. E a forma como a final decorreu: entusiasmo, euforia, tudo reunido nos 120 minutos do jogo. Mal consigo exprimir por palavras o que senti.

O que significaria para si e para o clube conquistar a "décima" – o décimo título de campeão europeu do Real?

Tal não se deve tornar numa obsessão, pois isso não ajuda, mas trata-se de um objectivo muito importante. Sabemos que já passaram alguns anos desde a última vez que o Real se sagrou campeão europeu de clubes, mas não é uma competição nada fácil de vencer, pois estamos a competir com os melhores clubes da Europa.

A Champions Matchday pode ser adquirida em versão digital na Apple Newsstand e no Zinio. Esta temporada, pela primeira vez, a Champions Matchday é disponibilizada antes de cada ronda de jogos da UEFA Champions League. Pode segui-la via Twitter em @ChampionsMag .

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