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Gomes quer voltar a chegar longe

Heurelho Gomes explicou ao UEFA.com que o Tottenham pode ir longe na UEFA Champions League, repetindo a caminhada realizada em 2005 pelo PSV Eindhoven, o antigo clube do guarda-redes brasileiro.

Heurelho Gomes está optimista em relação à participação do Tottenham na UEFA Champions League
Heurelho Gomes está optimista em relação à participação do Tottenham na UEFA Champions League ©Getty Images

Na última edição da revista Champions, o guarda-redes do Tottenham Hotspur FC, Heurelho Gomes, recordou a sua experiência na UEFA Champions League ao serviço do PSV Eindhoven e fez comparações com a equipa dos "spurs" que está a participar pela primeira vez na fase de grupos, sob o comando de Harry Redknapp. "Eu vejo a mesma atitude nesta equipa do Tottenham", explicou o brasileiro, que considera que "tudo pode acontecer" se os londrinos conseguirem ultrapassar o Grupo A.

Há cinco anos anos chegou às meias-finais da UEFA Champions League ao serviço do PSV. O que se recorda dessa época?

Heurelho Gomes: Fizemos uma grande exibição na segunda mão das meias-finais, pelo que foi muito cruel ser eliminado pelo Milan, mas tenho boas recordações. Surpreendemos muitas pessoas ao chegarmos até às meias-finais e ao obrigarmos os italianos a jogarem ao seu melhor nível. Aquela participação deu muita notoriedade aos jogadores do PSV. Por exemplo, o Park Ji-Sung foi para o Manchester United [FC].

Considera que esta competição mudou muito desde 2005?

Gomes: Está mais competitiva, pois o futebol evoluiu. O jogo está mais físico e isso permite às equipas mais pequenas criar maiores dificuldades aos favoritos. Agora já não há apenas um ou dois clubes como grandes candidatos ao troféu. A prova é que, nos últimos 20 anos, nenhuma equipa conseguiu renovar o título na UEFA Champions League. Mesmo as equipas mais modestas conseguem dar muita luta, já que equilibram os jogos graças à determinação e capacidade física.

Foi treinado por Guus Hiddink no PSV, o que aprendeu com ele?

Gomes: Guus é uma pessoa fantástica e não apenas por aquilo que fazia em campo. Foi fundamental para a minha evolução no PSV, pois cheguei à Holanda com pouca experiência de vida e de futebol. Era a primeira vez que vivia no estrangeiro e o Guus foi como um pai para mim. Quando um familiar meu adoeceu no Brasil, ele disse-me que podia ficar lá o tempo que fosse preciso. Os treinos dele eram tão interessantes que nem tínhamos tempo para sentir o cansaço. Ele percebe de forma brilhante tudo o que se passa na cabeça dos jogadores.

Como avalia esta equipa dos "spurs" em relação ao PSV da sua época?

Gomes: É complicado fazer comparações, mas talvez seja importante destacar a ausência de grandes estrelas e a presença de jovens jogadores que estão dispostos a deixar a pele em campo. O Phillip Cocu era o único jogador famoso na equipa do PSV, mas os outros mostraram que não viravam a cara à luta ante nenhuma equipa. Considero que esta formação do Tottenham tem a mesma atitude e espero que seja possível repetir a época de 2004/05. Temos um grupo que está a evoluir em conjunto e os jogadores estão a crescer. O Gareth Bale, por exemplo, tem evoluindo muito.

A passagem aos oitavos-de-final será suficiente?

Gomes: Sou um optimista. Quando assinei pelo "spurs" afirmei que o meu objectivo era ganhar a Premier League. Houve pessoas que se riram, mas eu sou assim. Tudo é possível se ultrapassarmos a fase de grupos.

Qual a importância do Ledley King na equipa?

Gomes:
Seria um dos melhores defesas do Mundo se não tivesse as lesões nos joelhos. O Ledley não fala muito, mas a sua presença no balneário tem um efeito muito positivo sobre os outros jogadores. Uma vez afirmei que ele devia estar sempre junto da equipa, mesmo quando não estivesse em condições de jogar, pois tem uma grande influência sobre o grupo.

Esta época, Harry Redknapp fez a estreia como treinador na UEFA Champions League. Que mudanças trouxe ele a White Hart Lane?

Gomes: Temos muitos jogadores britânicos, o que pode ser um problema para um treinador que não esteja habituado ao futebol inglês. Isto foi fatal para o Juande Ramos. O Harry não tentou fazer grandes mudanças na forma natural dos atletas jogarem. É muito simples, mas, por vezes, as coisas mais simples são as mais difíceis de fazer. O Harry é um grande motivador, sabe como tirar o máximo dos jogadores.

Tem 29 anos. Já atingiu o máximo como guarda-redes?

Gomes: Ainda tenho bons anos pela frente. Ainda não desisti do sonho de ser titular na selecção do Brasil. Vou ter 33 anos em 2014, o que não é muito para um guarda-redes. Considero que ainda tenho hipóteses.

Sempre sonhou ser jogador de futebol?

Gomes: Tinha 19 anos quando recebi o primeiro treino específico de guarda-redes. Foi muito tarde, mas até então tinha passado quase toda a minha vida numa fazenda no Sudeste do Brasil. Fui guarda-redes por acaso, já que fui para a baliza num torneio regional. Era um bom jogador de campo, alto e talentoso como o Peter Crouch.

Este artigo faz parte da última edição da Champions, a revista oficial da UEFA Champions League. Assine já.