Devolver a glória ao Ajax
terça-feira, 28 de setembro de 2010
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Martin Jol espera trazer de volta os "tempos de glória" a Amesterdão, numa altura em que o Ajax se prepara para defrontar o Milan na repetição da sua última vitória na Taça dos Campeões, em 1995.
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Martin Jol espera trazer de volta os "tempos de glória" ao AFC Ajax, numa altura em que o tetracampeão europeu se prepara para o primeiro jogo em casa na fase de grupos da UEFA Champions League nos últimos cinco anos, frente ao AC Milan, esta terça-feira.
É um embate pleno de significado para a formação da Holanda, vencedora da competição pela última vez há 15 anos – precisamente frente aos "rossoneri", em Viena, na Áustria. Patrick Kluivert marcou o único golo da partida e fez a jovem e talentosa equipa de Louis van Gaal erguer o troféu. E apesar de os tempos terem mudado, e as expectativas também, a importância da competição para o Ajax permanece a mesma.
"No Ajax, a primeira coisa que fazem é convidar-nos para visitar o museu e ver todos os troféus; não existem muitos clubes com palmarés mais extenso", disse Jol ao UEFA.com. "Ganhámos a última UEFA Champions League em 1995 e, provavelmente, é impossível repetir esse feito. Mas por causa do nosso historial, a prova é muito importante para nós. Os jogos em casa já estão esgotados, o que mostra o que este torneio significa para os nossos adeptos. Espero que consigamos fazer regressar os tempos de glória."
Num aspecto importante a equipa de Jol assemelha-se à que conquistou o último título. Apesar de restrições financeiras impedirem o treinador de realizar contratações de vulto, ele é capaz de aproveitar da melhor forma os jovens formados na academia do Ajax e o facto é que seis deles alinharam na derrota frente ao Real Madrid CF, na primeira jornada. Como a geração de 1995, a actual equipa é baseada na juventude – desses seis, Gregory van der Wiel tem 22 anos e Toby Alderweireld, Vurnon Anita e Siem de Jong têm todos 21.
Há duas semanas, o baptismo de fogo no Santiago Bernabéu revelou-se demasiado forte para os jovens jogadores de Jol, mas este acredita que a sua equipa tem muito potencial para explorar. "Existe uma certa mentalidade no Ajax", disse o antigo treinador do Tottenham Hotspur FC, que se estreia esta época na prova. "Oito jogadores da nossa academia fazem parte da equipa inicial. Têm confiança e talvez seja característico a necessidade de defrontar equipas de topo. O Ajax distingue-se por ter sempre bons jovens jogadores."
"No futebol tudo é possível", acrescentou Jol, e esse é certamente o caso do prolífico ponta-de-lança Luis Suárez. O uruguaio já marcou nove golos desde que ajudou a sua selecção a chegar às meias-finais do Campeonato do Mundo, incluindo tentos frente a PAOK FC e FC Dynamo Kyiv, nas pré-eliminatórias. Para além disso, a sua parceria com Mounir El Hamdaoui, contratado esta época, já resultou em 16 golos até ao momento.
Quando o Milan, que se apurou automaticamente para a fase de grupos, iniciou a participação na Serie A, no dia 29 de Agosto, já a temporada do Ajax decorria há um mês. Apenas 17 dias depois de ter disputado o desafio de atribuição do terceiro e quarto lugares do Mundial, Suárez marcou frente ao PAOK e ajudou o Ajax a ganhar ritmo. Nunca persistiu qualquer dúvida no pensamento de Jol sobre a importância desse jogo.
"Começámos a jogar no dia 28 de Julho e todos os jogadores tinham acabado de regressar do Mundial, por isso foi complicado de gerir. Só tiveram seis ou sete dias de férias. Normalmente isso não é possível, mas eles perceberam que os nossos adeptos e o clube precisavam da UEFA Champions League." O Ajax apurou-se graças à regra dos golos marcados fora para medir forças no "play-off" com o Dínamo, presença regular na competição.
Um empate a um golo na segunda mão abriu caminho para uma noite memorável na Amsterdam Arena. "Foi como uma final, todos estavam imbuídos numa atmosfera incrível", disse Jol sobre a vitória por 2-1 que ditou o apuramento. "Participar na UEFA Champions League depois de cinco ou seis anos de ausência foi um sentimento fantástico". Depois o sonho deu lugar a uma dura realidade, no sorteio do Mónaco. "Preferíamos um grupo mais fácil. O primeiro a ser sorteado foi o Real Madrid, seguiu-se o AC Milan, e depois nós – foi um sorteio complicado. Mas quando se é treinador do Ajax não se pode afirmar que uma tarefa é difícil. Toda a gente sabe que é, mas dizem-me que podemos vencer o Milan, por exemplo."
Após perder o primeiro jogo com o Real Madrid (de José Mourinho, Pepe, Ricardo Carvalho e Cristiano Ronaldo), Jol sabe o quanto é importante somar pontos esta terça-feira. Com as memórias do triunfo de 1995 a reavivarem-se nos adeptos do Ajax, optimismo é coisa que não falta. "O AC Milan é um grande clube, vimos os seus jogos e analisámo-los. Ainda temos a secreta esperança de que podemos averbar sete ou oito pontos, suficientes para o apuramento para a próxima fase."