Tudo pronto para um ano vintage
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Sumário do artigo
O Grupo G juntou três gigantes do futebol europeu, mas a luta entre Milan, Real Madrid e Ajax é apenas uma entre várias histórias que se desenrolarão nos próximos meses.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
Pode ter apenas começado a amadurecer desde o sorteio de 26 de Agosto, em Monte Carlo, mas esta edição da UEFA Champions League já tem o aroma de um ano vintage.
Libertem a ansiedade de antigas lendas que agora pretendem levantar o troféu enquanto treinadores e saboreiem os sucessos de alguns dos mais experientes técnicos vencedores e vejam como o Mundo está pronto para mais uma batalha envolvendo a elite do antigo regime futebolístico.
O AFC Ajax venceu a prova por quatro vezes, mas o seu treinador, Martin Jol, é um estreante na UEFA Champions League. Ainda assim, acredita que a sua equipa pode surpreender Real Madrid CF, AC Milan e AJ Auxerre no Grupo G.
Didier Deschamps ergueu a taça na edição inaugural da UEFA Champions League como capitão do Olympique de Marseille e depois voltou a vencê-la pela Juventus, antes de levar o AS Monaco à final de 2004, perdida para o FC Porto. Contudo, o antigo internacional francês espera levar o OM para lá da fase de grupos pela primeira vez.
Ainda assim, o homem que parte na "pole position" é o português que derrotou o Mónaco de Deschamps quando dirigia o FC Porto: José Mourinho. Ele possui o notável cocktail de ser o campeão em título, graças ao sucesso do FC Internazionale Milano na época passada, e de ter assumido esta temporada o comando do mais bem-sucedido clube da prova.
Ninguém deve duvidar da determinação de Mourinho em voltar a ganhar, agora com o Real Madrid. "Esta é a competição das competições", disse ao UEFA.com. "Não é apenas a mais importante, como a maior competição de futebol. Poucos treinadores a ganharam por dois clubes diferentes, pelo que a minha maior ambição é tornar-me no primeiro a consegui-lo por três clubes diferentes".
Com todo o respeito pela ambição manifestada por Mourinho, conquistar o Grupo G já será um grande feito, quanto mais o triunfo em Wembley, em Maio do próximo ano. Primeiro, há um Ajax desejoso por voltar aos dias de glória, agora sob o comando de Jol. "No Ajax, a primeira coisa que fazem é convidar-te para uma visita ao museu, para veres todas as taças. Não há muitos clubes com mais troféus", confessou o holandês ao UEFA.com.
"Vencemos a nossa última UEFA Champions League em 1995 e será provavelmente impossível vencê-la de novo. Mas, devido à nossa história, é muito importante para nós. Os jogos em casa já estão esgotados, o que mostra o que representa para os nossos adeptos. Ambicionamos poder recuperar esses velhos tempos".
A imensidão da missão que aguarda Massimiliano Allegri no AC Milan pode despertar alguma simpatia pelo estreante na UEFA Champions League de 43 anos. Ele terá de integrar os recém-contratados Robinho e Zlatan Ibrahimović, ao mesmo tempo que deve assegurar a passagem dos "Rossoneri" à fase seguinte num grupo poderoso, em que três dos quatro clubes dividem 20 Taças dos Clubes Campeões Europeus entre si.
Allegri mostrou-se bastante lacónico quando disse ao UEFA.com que "estes são jogos fascinantes". O antigo treinador do Cagliari Calcio prosseguiu: "Estes duelos deixam-nos imediatamente bem concentrados para a UEFA Champions League. Este será o meu terceiro ano na Serie A e dirigir o Milan nesta prova tão prestigiante é fantástico".
Os grupos têm todos enredos e sub-enredos, uma vez que há duelos entre velhos amigos, rivais e até antigos parceiros de equipas técnicas. Com efeito, Alex Ferguson pretende levar a melhor sobre Walter Smith quando o Manchester United FC defrontar o Rangers FC para o Grupo C.
Mas o Grupo F também tem um roteiro com o tema "professor e aluno", com Deschamps, do Marselha, a defrontar o seu antigo treinador na Juventus, Carlo Ancelotti, agora ao comando do Chelsea FC. Ambos ganharam a prova duas vezes enquanto treinador, mas somente Ancelotti o venceu enquanto técnico, e em duas ocasiões.
O francês disse ao UEFA.com: "Sem qualquer dúvida ou hesitação, esta é a mais bela de todas as competições. Joguei nela, treinei nela e há um ambiente, um cenário e uma massiva presença da comunicação social. Defrontamos os melhores jogadores do mundo. Este é o nível mais alto".
Ancelotti tem uma visão semelhante, principalmente estando a final marcada para Wembley. "Para o Chelsea, é tão importante vencer a UEFA Champions League como a Premier League. Na época passada, vencemos a nível interno e seria muito bom coroarmo-nos campeões europeus em Londres".
Apesar de ter sido batido por pouco na corrida por títulos pelo Inter na época passada, a AS Roma, de Claudio Ranieri, dá mais importância à UEFA Champions League do que ao sucesso a nível nacional. "O desejo de qualquer romano é o do vencer a UEFA Champions League, porque perderam frente ao Liverpool [e em casa], por grandes penalidades, a única final que disputaram, há já muitos anos. Por isso, é normal que a cidade enlouqueça durante meses ou mesmo anos, porque se trata da maior e mais importante taça que os adeptos da Roma querem vencer", indicou o técnico.
Ainda assim, esta é a prova onde os sonhos de toda a gente são iguais ao início, até para os seis conjuntos estreantes na UEFA Champions League: Tottenham Hotspur FC, FC Twente, Bursaspor, Hapoel Tel-Aviv FC, Sp. Braga e MŠK Žilina.
O FC Basel 1893 faz apenas a sua terceira participação na fase de grupos e terá como adversários no Grupo E o finalista da época passada, FC Bayern München, assim como a Roma e o CFR 1907 Cluj. No entanto, o treinador dos helvéticos, Thorsten Fink, não se deixa intimidar.
"Queremos aproveitar a vantagem de ser-mos dos menos cotados e chegar, pelo menos, ao terceiro ou mesmo ao segundo lugar", declarou. O tempo das palavras está quase a terminar. Por isso, deixem a bola e a magia rolar.