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Honra especial para o técnico vencedor

Na final de Madrid, Louis van Gaal e José Mourinho vão procurar juntar o seu nome aos de Ernst Happel e Ottmar Hitzfeld, os únicos treinadores que, até hoje, levaram dois clubes diferentes ao título europeu.

Ottmar Hitzfeld e Ernst Happel foram, ambos, campeões europeus ao leme de dois clubes diferentes
Ottmar Hitzfeld e Ernst Happel foram, ambos, campeões europeus ao leme de dois clubes diferentes ©Getty Images

Na final da UEFA Champions League desta temporada estará em jogo um lugar num muito restrito lote de treinadores, para o técnico da equipa vencedora. Louis van Gaal ou José Mourinho, um deles irá seguir os passos de Ernst Happel e Ottmar Hitzfeld e tornar-se-á no terceiro a sagrar-se campeão europeu ao leme de dois clubes diferentes.

Mourinho, o português do FC Internazionale Milano que tenta juntar ao seu currículo novo título europeu, depois do conquistado à frente do FC Porto, referiu ao UEFA.com sentir que se trata de um feito que acabará por alcançar "mais cedo ou mais tarde", mesmo que perca para Van Gaal e para o FC Bayern München a final deste ano, no Santiago Bernabéu.

Mourinho afirmou: "Bem, mais cedo ou mais tarde, acredito que estarei entre esse grupo, pois ainda sou um treinador bastante jovem. Espero prolongar a minha carreira por mais 20 anos, pelo que acabarei por lá chegar. Mas, naturalmente, preferia antes fazê-lo dentro de duas semanas do que de dois anos".

Com 47 anos de idade, Mourinho tornar-se-ia efectivamente no mais jovem técnico a conduzir dois emblemas diferentes ao "santo graal" do futebol europeu de clubes - o falecido Happel tinha 57 anos quando alcançou tal feito, e Hitzfeld tinha 52. Já Van Gaal, por seu lado, que em tempos contou com Mourinho como seu adjunto no FC Barcelona, tem 58 anos e precisa de recuar até ao ano de 1995 para recordar a ocasião em que saboreou a conquista do título europeu, no comando do AFC Ajax, com uma vitória sobre o AC Milan.

Caso a sua equipa saia vencedora, os 15 anos de intervalo entre os dois títulos levarão Van Gaal a ultrapassar os 13 que separaram as duas conquistas do lendário Happel. O técnico austríaco venceu o seu primeiro título de campeão da Europa ao leme do Feyenoord, com uma vitória por 2-1 sobre o Celtic FC, em 1970 e, depois de levar o Club Brugge KV à final em 1978, onde perdeu diante do Liverpool FC, voltou a erguer o troféu em 1983, como treinador do Hamburger SV, com uma surpreendente vitória por 1-0 sobre a Juventus.

Hitzfeld também perdeu uma final entre as suas duas conquistas europeias. Contudo, no seu caso, apenas quatro anos separam os dois êxitos. O técnico germânico guiou o Borussia Dortmund à glória em 1997 quando - tal como o Hamburgo de Happel havia feito - derrotou a favorita Juventus, por 3-1. E, curiosamente, foi mesmo o primeiro título europeu conquistado por um clube alemão desde esse triunfo do Hamburgo. Depois, à frente do Bayern, Hitzfeld foi derrotado pelo Manchester United FC em 1999, mas reagiu e, dois anos depois, levou os bávaros ao título europeu com uma vitória por 5-4 sobre o Valencia CF, no desempate por grandes penalidades, após uma igualdade 1-1.

Van Gaal, que perdeu já uma final com o Ajax, diante da Juventus, em 1996, procura agora imitar Hitzfeld, actual seleccionador da Suíça, equipa que comandará na fase final do Campeonato do Mundo da África do Sul. Hitzfeld teceu já rasgados elogios ao trabalho do técnico holandês, classificando-o recentemente de "soberbo", embora com uma abordagem algo diferente da sua. Hitzfeld ficou conhecido como "o cavalheiro" durante a sua passagem pelo Bayern, fruto das sempre diplomáticas relações que mantinha com as principais estrelas da equipa, mantendo uma política de rotação de jogadores que agradava a todos. Não é esse, propriamente, o estilo de Van Gaal, que desde o momento em que chegou a Munique, no Verão passado, fez questão de deixar bem claro que era ele quem mandava na equipa.

Já Happel era, também ele, reconhecido pela sua figura autoritária, pelo que aprovaria certamente a abordagem de Van Gaal quando confrontou a estrela Arjen Robben junto à linha lateral por este ter reagido de forma petulante após ter sido substituído no decorrer do encontro da primeira mão das meias-finais, frente ao Olympique Lyonnais. Happel deveria apreciar igualmente a forma como o Inter de José Mourinho, reduzido a dez elementos durante grande parte da partida, segurou bravamente a vantagem na eliminatória no encontro da segunda mão da sua meia-final, em Camp Nou - afinal de contas, uma das principais características das equipas orientadas pelo malogrado treinador austríaco era a sua prodigiosa capacidade física, resultado de longas sessões de corrida durante os treinos.

Contudo, Happel era um homem de poucas palavras, algo que não pode ser dito, de forma alguma, de Van Gaal ou Mourinho. Ainda assim, apesar de muito perto de seguir as suas pisadas, o técnico português, o auto-proclamado "Especial", garante que não ser essa uma fonte de motivação para a vitória. "Quero ganhar com estes jogadores, neste clube, com estes adeptos", salientou, apontando baterias para o primeiro título de campeão europeu da formação milanesa em 45 anos.

"Para o Inter será diferente do que é o Bayern, Barcelona, Manchester United, Real Madrid ou outras equipas com uma história diferente. Conquistar a Champions League pelo Inter nos tempos de hoje será algo de extraordinário, e é nisso que estou concentrado, muito mais do que em tornar-me ou não no terceiro treinador a alcançar esse feito. Vou alcançá-lo um dia, e adoraria que fosse já, mas simplesmente pelas circunstâncias referentes ao Inter, que não vence a competição há muito, muito tempo".