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Ao estilo de Van Gaal

Louis van Gaal e o Bayern demoraram a adaptar-se um ao outro, mas a ligação parece perfeita depois do apuramento dos alemães para as meias-finais da UEFA Champions League pela primeira vez em nove anos.

O treinador do Bayern, Louis Van Gaal
O treinador do Bayern, Louis Van Gaal ©Getty Images

Durante os primeiros quatro meses da época, Louis van Gaal e o FC Bayern München pareceram incompatíveis. O treinador holandês foi acusado de adoptar uma postura autoritária, que deixava os jogadores com medo de se exprimirem, e a equipa bávara sentiu dificuldades. Sem poder contar com os influentes Franck Ribéry e Arjen Robben, ambos lesionados, o Bayern seguia atrás do Bayer 04 Leverkusen na Bundesliga e parecia a caminho de uma decepcionante saída da UEFA Champions League.

Com a chegada da Primavera, a vida no Bayern passou a ser um mar de rosas. O clube de Munique, quatro vezes campeão europeu, está de volta à liderança do campeonato alemão e chegou às meias-finais da UEFA Champions League, após uma sensacional recuperação na eliminatória frente ao Manchester United FC. Como já tem acontecido várias vezes ao longo da sua ilustre carreira, o ex-treinador do AFC Ajax e do FC Barcelona está a fazer magia.

O ponto de viragem da temporada do Bayern aconteceu na soberba vitória, por 4-1, conseguida em Turim sobre a Juventus, na sexta e última jornada da fase de grupos da UEFA Champions League. Esse resultado garantiu a qualificação para os oitavos-de-final, que chegou a estar em  perigo após duas derrotas consecutivas com o FC Girondins de Bordeaux. No entanto, para Van Gaal, não constituiu coincidência a mudança da sorte na altura em que começou a sentir que estava, finalmente, a passar a mensagem pretendida aos jogadores.

"Os jogadores tiveram de se habituar à minha forma de trabalhar", revelou o técnico de 58 anos. "Peço-lhes que usem a cabeça porque acredito que o futebol se joga, sobretudo, a nível psicológico. Sou muito directo e emocional, e faço correcções de forma imediata."

A vontade de Van Gaal em educar não é nova. O treinador, nascido em Amesterdão, conjugou uma carreira semi-profissional de jogador de meio-campo, durante a qual representou Royal Antwerp FC, Stormvogels Telstar, Sparta Rotterdam e AZ Alkmaar, com um segundo emprego como professor de ginástica. Hoje, reconhece semelhanças entre ensinar e treinar.

"Tentamos ensinar os alunos de determinada maneira, utilizando aspectos do seu carácter", explica Van Gaal. "Com os futebolistas, passa-se exactamente o mesmo. Talvez eu tenha colocado demasiada importância no desempenho quando era professor. Mas sou maníaco pelo desempenho e foi por isso que quis trabalhar em desporto."

Durante esses meses difíceis no Bayern, a imprensa germânica acusou Van Gaal de travar os instintos criativos dos seus jogadores, ao impor-lhes demasiadas restrições tácticas. Foram feitas várias referências ao seu passado como professor, com o objectivo de dizer que a sua suposta abordagem pedagófica não era adequada a jogadores de alto nível. Van Gaal já tinha ouvido essa acusação e rapidamente a contrariou. "Os media sabem que fui professor e gostam de me colocar esse rótulo", afirmou. "Não sou do tipo de professores de escola."

A flexibilidade mostrada por Van Gaal durante esta época confirma esta ideia. Apercebendo-se de que a sua equipa estava a ter dificuldades para assimilar as instruções, o treinador mudou um pouco a abordagem e instigou os jogadores a assumirem mais responsabilidades.

"Tive de mudar a forma de comunicar", explicou Van Gaal. "No princípio, os jogadores pensaram que tinha de levar as minhas instruções à letra. Mas eles têm de se adaptar a situações diferentes. Foi um início infeliz, mas mudei a forma de falar com a equipa e agora tudo corre melhor."

O Bayern estava certo ao ser paciente com um treinador que já provou ter qualidade em diversas ocasiões. Vencedor da Taça UEFA e da UEFA Champions League ao serviço do Ajax, Van Gaal conquistou dois títulos da Liga espanhola durante a sua primeira passagem pelo Barcelona. Na época transacta, o ex-seleccionador da Holanda ganhou o campeonato holandês pela quarta vez, ao levar o AZ ao primeiro título em 28 anos.

O Bayern pode ter levado tempo a adaptar-se a Van Gaal, mas os jogadores podem acabar por ficar-lhe bastante agradecidos, como aconteceu com vários no passado. Patrick Kluivert, por exemplo, chama a Van Gaal "o homem mais importante" da sua carreira e "um mestre a construir uma equipa". Mark van Bommel, capitão do Bayern, diz ser "um prazer" trabalhar com o técnico. O médio, de 32 anos, que também já jogou sob a orientação de Van Gaal na selecção da Holanda, acrescentou: "Ele é bastante claro, muito exigente e põe sempre a equipa em primeiro lugar. Tem tudo o que um treinador precisa para conquistar troféus".

Ao levar o Bayern à sua primeira meia-final da UEFA Champions League desde 2001, Van Gaal está a conseguir, graças à sua mestria táctica, que o clube volte a competir com os melhores. "A forma táctica como a equipa joga é o mais importante", destacou. "O Bayern é um grande clube, mas equipas como o Barcelona ou o Chelsea FC podem ir ao mercado e contratar quase todos os jogadores. Estamos a dar o nosso melhor para construir uma equipa muito boa". O Olympique Lyonnais está avisado.

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