González quer renovar rivalidade

Mark González não teve a mais fácil das transições quando chegou ao PFC CSKA Moskva, mas, tendo ultrapassado uma frustrante lesão num tornozelo, está ansioso por recuperar o tempo perdido, começando por um jogo de tudo ou nada frente ao Sevilla FC.

González ainda não se sente completamente em casa na Rússia, mas, após ter passado duas épocas no Real Bétis Balompié, tem profundo conhecimento dos adeptos do Sevilla, pelo que antecipa uma recepção pouco amistosa da parte dos andaluzes que se deslocarem ao Estádio Luzhniki para o jogo da primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League. "Não creio que me recebam bem, porque joguei no Bétis, mas trata-se de um novo capítulo na minha vida, pois estou numa equipa nova", disse o antigo jogador do Liverpool FC. "Pode vir a ser um jogo especial, defrontar uma equipa que considerei arqui-rival".

De acordo com Phil Ball, autor do livro "Morbo: The History of Spanish Football", o derby de Sevilha "sempre teve algum mistério difícil de entender". A contribuição de González para que o Bétis conquistasse quatro pontos aos rivais na época passada jamais será esquecida ou perdoada pela parte vermelha e branca da capital andaluza. Tendo anteriormente perdido quatro jogos frente ao Sevilha, ao serviço de Albacete Balompié, Real Sociedad de Fútbol e, depois, Bétis, será que o extremo prevê mais sucesso na quarta-feira? "Acredito que sim. Se não tivéssemos capacidade para derrotar o Sevilha, então não estaríamos nesta fase da UEFA Champions League", disse.

"Temos uma equipa suficientemente forte para vencer o Sevilha, apesar de sabermos que eles jogam muito bem e têm grandes jogadores, especialmente nas alas. Mas a verdade é que, se estivermos bem, podemos importunar-lhes o seu jogo". O CSKA mostrou um pouco disso na fase de grupos, particularmente na quinta jornada, anulando a ameaça constituída por Edin Džeko e Zvjezdan Misimović, recuperando de uma desvantagem para triunfar no encontro frente ao VfL Wolfsburg, o seu principal rival na luta pelo segundo lugar do Grupo B, que foi dominado pelo Manchester United FC.

"Todos sabemos que a sua força [do Sevilha] reside no seu poderoso ponta-de-lança, [Frédéric] Kanouté; nas alas, temos Jesús Navas e Diego Capel; depois, é claro, há Luis Fabiano”, disse González, que ingressou, em Junho, no CSKA, com um contrato de cinco anos, após o Bétis ter sido despromovido. "Ainda assim, devemos concentrar-nos nos jogadores que temos e será um duelo bastante equilibrado. Acredito, tal como disse antes, que, se fizermos as coisas bem feitas, não teremos problemas em vencer".

González deve muita da sua mentalidade vencedora e capacidade de adaptação ao seu pai, Raúl, um antigo lateral-direito internacional pelo Chile, que acabara de terminar, na África do Sul, a sua carreira de futebolista, quando o seu filho nasceu. A família regressou ao Chile quando Mark tinha dez anos e ainda estava na sua juventude quando chegou à Europa. Rapidamente fez jus à previsível alcunha de "Speedy" e, desde então, também diz sempre "Vamos, Tata" (Vamos, avô) antes do início de cada jogo.

Ingressou no Liverpool, regressou a Espanha e agora pretende deixar a sua marca na Rússia. Apesar do frio, o extremo de 25 anos rapidamente se adaptou, mesmo se apenas fez seis jogos pelo CSKA, tendo a recuperação da sua lesão num tornozelo coincidido com a conclusão, no final de Novembro, da Premier Liga russa.

O CSKA teve de efectuar jogos particulares desde então e, apesar de ter estado invicto durante cinco encontros, antes de uma pesada derrota, na última quinta-feira, por 3-0, frente aos ucranianos do FC Dnipro Dnipropetrovsk, não se trata, de todo, da preparação ideal para a eliminatória ante o Sevilha. "Temos estado na pré-temporada e a ganhar forma, algo que pode tornar as coisas mais difíceis. Apenas temos de preocupar-nos em jogar bem e ganhar. Isso é que é o mais importante". O Sevilha pode considerar-se avisado.