Piqué pronto para o duelo final
terça-feira, 26 de maio de 2009
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O defesa disse ao uefa.com que sempre acreditou que era seu destino triunfar no clube que adora, o Barcelona, mas que precisou de passar pelo adversário de quarta-feira, o United, para alcançar esse sonho.
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O sentimento de familiaridade que Gerard Piqué vai sentir durante a final da UEFA Champions League, esta quarta-feira, não decorre apenas do facto de ter feito parte do plantel do Manchester United FC, e que também atingiu a final da competição na época passada.
Objectivo romano
Nessa ocasião, o defesa-central teve a infelicidade de ser um dos jogadores que Alex Ferguson deixou na bancada, de fora dos convocados para o jogo que o United decidiu nas grandes penalidades, frente ao Chelsea FC. Apesar dessa desilusão, Piqué vai ser um dos primeiros nomes a figurar na ficha de jogo do FC Barcelona em Roma, e talvez o treinador Josep Guardiola faça força para que o seu atleta, de 22 anos, alcance algo que poucos jogadores do actual plantel do Barça conseguiram. O United, campeão em título, atravessa uma série de 25 jogos sem perder na competição, e Piqué desempenhou o seu papel na época passada, marcando dois golos na fase de grupos, um dos quais frente à AS Roma, no empate a um golo. "Penso que sou um dos poucos futebolistas deste plantel que já marcaram no Stadio Olimpico", revelou ao uefa.com, desconhecendo que o seu feito foi ultrapassado pelo "hat-trick" de Thierry Henry ao serviço do Arsenal FC, frente à Roma, em Novembro de 2002, e ainda um "bis" quando representava a Juventus, ante a S.S. Lazio, há dez anos.
Repetir desempenho
"Foi um golo especial para mim, uma vez que foi alcançado na Champions League, mas qualquer golo de um defesa-central deve ser valorizado", acrescentou Piqué. "É óbvio que vou subir no terreno na marcação de cantos e livres, para tentar causar dificuldades aos meus antigos colegas de equipa e quem sabe marcar outro golo". Já por duas vezes esta temporada o jogador natural de Barcelona anunciou que devia um golo à sua equipa, pagando a dívida quase de imediato, quando facturou frente ao rival citadino, o RCD Espanyol, na Taça de Espanha, e depois frente ao Real Madrid CF, na goleada por 6-2 no mês passado, a contar para o campeonato. Talvez o destino volte a ser favorável para um jogador que cresceu como adepto fervoroso do Barça, muito por culpa de o seu avô, Amador Bernabéu, ter sido vice-presidente no clube de Camp Nou. Piqué sempre acreditou que era seu destino triunfar no clube que adora, mas precisou de passar pelas fileiras do adversário de quarta-feira para alcançar esse sonho.
Apoio de Sir Alex
"Tal como qualquer miúdo, eu sonhava ser futebolista profissional, e quando marcava um golo no pátio da escola era sempre pelo Barça", recorda-se. "Por isso, quando deixei os escalões de formação do Camp Nou, foi com a intenção de me transformar num jogador de primeira equipa, que era o que o United me oferecia. Foi duro. Os meus pais não ficaram satisfeitos por eu sair de casa tão novo e a cultura inglesa era bastante diferente, especialmente a comida. Foi um grande esforço para me habituar. Mas Alex Ferguson ensinou-me a ser profissional. Mostrou-me que devia viver em exclusivo para o futebol. Quando assinei contrato com o United era muito jovem e havia distracções. O seu ponto de vista é que ser um jogador profissional passa por escolher um estilo de vida. Aprendi a concentrar-me nisso e a excluir outras coisas".
Ambiente exigente
É um processo do qual Guardiola e o Barcelona têm vindo a retirar o máximo proveito. Piqué teria permanecido no United se tivesse mais oportunidades de alinhar na equipa principal, porque, como o próprio disse, "seria o caminho natural a seguir", mas em vez disso, transformou-se, sem dúvida, na melhor contratação do Barça no Verão passado, uma vez que emergiu como uma influência decisiva no relvado e no balneário. É o primeiro a escolher a música que se ouve, o mais rápido a lançar uma piada e um dos elementos preferidos de Guardiola, porque o treinador sabe que o defesa-central tem sentido de humor, resistência, sede de vitória eenergia. "Trouxe algo de distinto da cultura futebolística inglesa", explicou Piqué. "Talvez seja por causa do tempo, mas em Espanha somos mais calmos e relaxados nos treinos e no balneário. O futebol de alto nível inglês é mais complicado e exigente, logo desde o início. No relvado tudo é muito sério, enquanto nos treinos é brincadeiras sem fim, barulho e inúmeras coisas que servem para fortalecer o espírito de grupo. Isso é muito importante - a equipa que ri e brinca em conjunto é capaz de demonstrar espírito guerreiro no terreno de jogo. Se os jogadores não alinham nisso, então a temporada pode ser muito, muito longa".
Encontro com o destino
Por isso, com tanta informação privilegiada, como é que Piqué antevê a final? "Penso que o United vai repetir a exibição das meias-finais da época passada frente ao Barça - permanecer compacto e tentar fazer estragos no contra-ataque". Quem é o favorito? "O United merece o rótulo porque é o campeão e vai dar o seu melhor para revalidar o título". E, fundamentalmente, quem vai vencer? "O Barça, claro. Seria óptimo ganhar com estilo, mas acrescentar este título à 'dobradinha' seria fazer história em Espanha. Não queremos perder o nosso encontro com o destino".