Ronaldo revela sede de vitória

Qualquer adepto do FC Barcelona que esteja à espera que Cristiano Ronaldo entre na final de quarta-feira da UEFA Champions League com uma menor sede de vitória, bem pode pensar duas vezes. O internacional português mostra-se tão concentrado em conquistar o troféu como o estava há um ano, seja quem for que esteja entre ele e a conquista de mais um título.

Defesa do título
Ronaldo marcou, de cabeça, o golo que deu vantagem à sua equipa diante do Chelsea FC, em Moscovo, na final da época passada, em Maio de 2008. Apesar de ter, mais tarde, falhado uma grande penalidade no desempate por penalties, acabou por festejar com os colegas, na capital russa, a conquista do título de campeão europeu. Ao longo dessa caminhada rumo à glória, Ronaldo apontou oito golos e, apesar de esta temporada o seu registo se ficar pela metade, os seus dois golos e brilhante exibição na segunda mão das meias-finais, no terreno do Arsenal FC, confirmaram o quanto é importante. Nunca nenhuma equipa conseguiu defender com êxito o título da UEFA Champions League, e o extremo luso, de 24 anos, é peremptório em garantir que não será pelos níveis de motivação que a equipa não fará história em Roma.

"Sou um vencedor"
"Sei que já ganhei muita coisa, mas sou em quem coloca a fasquia dos meus objectivos bem alta", afirmou ao uefa.com. "Sou um jogador muito ambicioso e com um carácter muito forte. Penso que, a nível pessoal, o mais importante é o que eu penso e não o que os outros dizem de mim. Vou sempre pensar assim. Vou continuar a fazer as coisas como fiz em 2003, 2004, 2005, como até agora. Nada vai mudar - pelo contrário. A minha ambição vai crescer e vou querer ganhar ainda mais a nível do clube e pessoal. Porque a sensação de ganhar é fantástica. Sou um vencedor e por isso vou sempre querer mais [títulos]".

Espírito ideal
Ninguém pode negar que a mentalidade do antigo jovem jogador do Sporting se enraizou na perfeição em Old Trafford, ao lado de um treinador com um espírito idêntico ao seu. Em Alex Ferguson, fonte dos maiores êxitos alcançados pelo United nas últimas décadas, Ronaldo encontrou alguém com o espírito ideal para, juntos, saciarem a sede por troféus. "Foi por causa dele que vim para este clube", explicou. "É graças a ele que estou aqui. Evoluí bastante com ele e já ganhámos muitas coisas juntos. Aprendi muito com Ferguson e sinto-me privilegiado por trabalhar com ele - e o sucesso que temos como jogadores é, também, dele. Tem sido muito bom para nós e espero ganhar ainda muitos mais troféus junto com ele".

Recordações do Barcelona
Com o título de campeão inglês, o terceiro consecutivo, já garantido, depois de também assegurada a conquista da Taça da Liga inglesa e do Campeonato do Mundo de Clubes, no início da época, nada vai distrair o United do seu objectivo de bater o Barcelona. As duas equipas encontraram-se nas meias-finais na época transacta e, apesar de ter saído vencedor, fruto de um empate sem golos em Espanha e de um triunfo por 1-0 em casa, foi um embate difícil, que Ronaldo não esquece. "O jogo mais complicado da época passada foi contra o Barcelona", recordou. "Não que queira com isto dizer que os outros jogos tenham sido fáceis, mas creio que os mais difíceis foram mesmo contra o Barça. E, claro, a final".

Força e técnica
E a final deste ano não será, certamente, mais fácil, com todos os ingredientes reunidos para que seja uma partida espectacular, entre duas equipas que ostentam a reputação de jogarem sempre ao ataque. Há alguns anos, qualquer confronto entre formações inglesas e espanholas seria, necessariamente, um choque de culturas futebolísticas bem diferentes mas, fruto das constantes permutas no mundo do futebol, o poder físico e a capacidade técnica já não existem uma sem a outra nos nossos dias. "São ambas muito importantes hoje em dia; mais do que no passado", salientou Ronaldo. "Hoje vê-se que todas as equipas têm jogadores muito fortes e que os níveis físicos são bastante importantes, uma vez que ajudam a equilibrar a competição". E se o United tem, naturalmente, os seus jogadores predominantemente físicos, tem em Ronaldo um futebolista abençoado com uma técnica sublime, capaz de castigar o Barcelona ao menor erro.