Unidos em torno de Guardiola

Uma das constantes do final de época triunfante do FC Barcelona em Espanha tem sido a humildade permanente do treinador estreante, Josep Guardiola.

Humildade
Numa entrevista para o programa oficial da final da UEFA Champions League, Guardiola afirmou: "Não é difícil fazer com que o Barça jogue bem porque os futebolistas são muito bons. Dada a filosofia do clube, um dia destes chega outro treinador e faz o mesmo". Essas afirmações, no entanto, omitem a transformação da forma, atitude e intensidade que fez do Barcelona vencedor do campeonato espanhol, Taça de Espanha e finalista da UEFA Champions League.

Confiança
O mestre em pessoa e adversário da próxima quarta-feira, Alex Ferguson, já declarou publicamente estar impressionado, e apesar de Guardiola querer dar todo o mérito ao plantel, os seus jogadores querem retribuir. "Pep chegou há um ano e transmitiu-nos imediatamente um enorme orgulho no nosso trabalho, ambição e vontade de vencer", afirmou Lionel Messi. "Ganhámos confiança desde o primeiro dia, porque era notório que as coisas estavam a ser bem feitas, e quando os resultados começaram a aparecer essa confiança cresceu".

Entrada com o pé esquerdo
A época, no entanto, não começou assim tão bem. Uma derrota por 1-0 no terreno do CD Numancia e um empate em casa a uma bola frente ao Real Racing Club originaram protestos de uma imprensa local e adeptos conhecidos pela sua exigência. No entanto, Eidur Gudjohnsen revela que essas dúvidas não se estendiam ao plantel. "É difícil de explicar, mas foi algo em que reparámos desde o primeiro dia", afirmou ao uefa.com. "Perdemos o nosso primeiro jogo do campeonato e toda a gente dizia 'lá vamos nós outra vez', mas os jogadores notaram desde o início que esta época seria extraordinária. Nota-se na forma como se treina, na motivação transmitida pelo treinador, sabíamos desde o primeiro dia daquilo que éramos capazes".

Detalhes cruciais
Xavi Hernández, considerado o maestro da equipa, e forte candidato a jogador do ano do Barcelona, apesar dos golos marcados por Thierry Henry, Samuel Eto'o e Messi, elege a ordem e disciplina exigidas por Guardiola como um factor significativo. "O 'mister' impôs essas qualidades dentro e fora do campo", confirmou o médio. "Na pré-temporada esteve sempre em cima de nós, exigindo intensidade no trabalho, obrigando a repetições e exigindo concentração. Era notório que todos sabiam que ou apanhavam o comboio ou ficavam pelo caminho".

"Ano magnífico"
"Notam-se uma série de pequenos detalhes que assumem uma importância enorme. A alimentação, peso, horários, massa gorda, coisas fundamentais que têm de ser realçadas. Se o clube tiver um ambiente em que um minuto de atraso aqui e ali, ou um quilo a mais não são problema, perdem-se detalhes importantes. O Pep chegou com a mesma atitude que tinha quando éramos companheiros de equipa, e disse-nos: 'Acreditem em mim, confiem em mim, e tudo vai correr bem'. Foi um ano magnífico, mas o que as pessoas não se apercebem é que foi divertido treinar sob o seu comando. A época passou a correr e diverti-me como uma criança".