Grant contra a tradição

O treinador do Chelsea FC, Avram Grant, está perante uma eliminatória que pode ajudar a traçar o seu futuro em Stamford Bridge. Se conseguir superar o Liverpool FC e levar os londrinos à final da UEFA Champions League, o técnico israelita poderá afastar definitivamente o fantasma do seu antecessor, o português José Mourinho, mas em caso de derrota a pressão que se tem vindo a avolumar nas últimas semanas poderá tornar-se insustentável.

Fazer história
Grant mostrou enorme determinação quando, na terça-feira, falou à imprensa. O técnico afirmou várias vezes que a sua equipa está perante uma "oportunidade histórica", não alterando o discurso quando foi confrontado sobre a possibilidade de alcançar algo que Mourinho não conseguiu em duas tentativas, ou seja, eliminar o Liverpool e chegar à final. "Podem falar sobre muitas coisas, mas o importante é que estamos perante uma oportunidade histórica", afirmou Grant. "Podem falar sobre aquilo ou sobre o passado, mas penso ser mais importante pensar apenas no próximo jogo e no seguinte... e fazer história".

Sucesso inesperado
Quando Grant substituiu Mourinho, em Setembro, poucos acreditavam que o Chelsea chegasse tão longe. A equipa dos portugueses Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Hilário empatara em casa ante o Rosenborg BK e o Blackburn Rovers FC, sendo que esse último resultado fez cair os "blues" para o quarto posto na Premier League. Sete meses depois, os londrinos estão a dois jogos de marcar presença, pela primeira vez, na final da UEFA Champions League e ainda lutam pelo título inglês. O Manchester United FC lidera com três pontos de vantagem, mas terá de defrontar o Chelsea em Stamford Bridge no próximo sábado, no último teste à fibra da equipa de Cristiano Ronaldo e Nani.

Resultados esclarecedores 
Apesar disto, Grant não conseguiu calar os críticos. O Chelsea não pratica o futebol atractivo que o técnico de 52 anos prometeu quando assumiu o comando da formação da capital e os adeptos londrinos têm sofrido por cada ponto conquistado, como na quinta-feira passada, quando o Chelsea averbou um difícil triunfo, por 1-0, no reduto do Everton FC. "Penso que não tenho de justificar nada", afirmou Grant. "Os resultados falam por mim. Se estamos nas meias-finais, é porque lá chegámos. No sábado vamos jogar para o título, pois somos os únicos que podemos desalojar o Manchester United. Se alguém quiser ignorar os factos, isso não é um problema meu".

"Pressão positiva" 
O próximo obstáculo de Grant é o Liverpool e nenhum adepto do Chelsea se importaria de ver a sua equipa jogar mal, mas conseguir um triunfo em Anfield. Este é o maior dos muitos testes a que Grant tem sido sujeito em Inglaterra e o treinador diz estar preparado. "Estamos sob pressão, mas é uma pressão positiva. Não me importaria de estar sempre sob este tipo de pressões, de estar numa meia-final, a lutar pela conquista de títulos. Estamos perante uma oportunidade histórica para este clube. Isto é suficiente para me motivar e nesta altura não dou atenção a mais nada".