Drogba, a ameaça do Chelsea

Por Trevor Haylett

Quando um jogador custa 35 milhões de euros, os adeptos têm pouca paciência para a solicitação de um período de adaptação à nova equipa, ao novo país e a uma nova língua. Quando a nova contratação se trata de um avançado, com fama de goleador, a exigência é ainda maior e todos esperam que marque golos rapidamente e de forma regular.

Problemas de adaptação
É verdade que os adeptos do Chelsea FC não reconheceram de imediato o valor de Didier Drogba. O marfinense necessitou de um período de adaptação, após ter chegado de França, e os jogadores com a sua estatura elevada são frequentemente considerados inaptos e desajeitados antes de encontrem a forma ideal e conquistarem o respeito da generalidade dos observadores.

Ascensão meteórica
Apenas um golo marcado em cinco jogos levou a que alguns adeptos tivessem questionado se ele havia sido um bom investimento. Os observadores do futebol europeu sabiam que só no último ano ao serviço do Olympique de Marseille é que Drogba se tinha transformado numa máquina de marcar golos. Será que, como alguns temiam, havia sido uma época de excepção?

Adaptado
Aqueles que levantavam questões remeteram-se agora ao silêncio. Mesmo que, por vezes, falhe alguns golos fáceis, o marfinense mostrou ser um jogador talhado para os grandes jogos, marcando frente ao Liverpool FC, na final da Taça da Liga Inglesa, troféu que o Chelsea acabou por vencer. Com o decorrer da época, a força e altura do jogador de 27 anos têm sido decisivas para o poderio ofensivo dos 'Blues'.

Exemplo do Bayern
Pode não possuir a magia de Joe Cole, a habilidade de Arjen Robben ou a versatilidade de Frank Lampard, mas, no jogo em que o Chelsea bateu o FC Bayern München por 4-2, na primeira mão dos quartos-de-final da UEFA Champions League, foi Drogba quem se destacou como o elemento mais ameaçador da equipa de José Mourinho.

'Provocar problemas'
O centrocampista do Bayern, Owen Hargreaves, afirmou: "Os nossos problemas iniciaram-se quando Drogba começou a levantar a bola. Foi a única forma do Chelsea nos incomodar, já que não nos preocuparam com a circulação de bola. Dessa forma, não criaram oportunidades de golo. Com Drogba a levantar a bola, o Chelsea ficou mais rápido a chegar às segundas bolas. Três ou quatro dos seus golos aconteceram dessa forma... Vamos ter de encontrar uma forma para os anular na segunda mão".

Passes longos
A equipa de Felix Magath tem dedicado atenção especial nos treinos à forma de neutralizar a ameaça aérea provocada por Drogba e pelo Chelsea. Um futebol apoiado em passes longos deu o primeiro golo ao Chelsea e, depois de Bastian Schweinsteiger ter feito o empate para o Bayern, a mesma táctica deu origem ao segundo golo. Um passe alto de Glen Johnson chegou até Drogba e o cabeceamento do ponta-de-lança foi inteligentemente dirigido para Frank Lampard, que fez o 2-1.

Instinto útil
"Eu ouvi-o", disse Drogba sobre o primeiro golo de Lampard. "Ele sabe que, quando eu salto, tento sempre fazer a bola chegar a alguém. Ele é muito inteligente e não é a primeira vez que marcou um golo assim. Ele sabe como eu jogo".

Coroa de glória
O marcador chegou rapidamente aos 4-1, com Drogba a apontar o quarto golo, depois de Lampard ter bisado. Uma grande penalidade marcada por Michael Ballack, quase no final do jogo, deu esperança ao Bayern para a segunda mão, mas Drogba parece bastante calmo na antevisão do jogo desta noite.

A decisão
"Foi um jogo difícil e o Bayern jogou bem", afirmou. "Talvez seja necessário que marquem primeiro, pois, depois disso, jogamos melhor e criamos muitas oportunidades. Estamos satisfeitos com o resultado, mas ainda falta a segunda mão. Temos de marcar em Munique e tentar não sofrer qualquer golo".