Sonho continua vivo para Portugal

O anfitrião Portugal reavivou as esperanças no UEFA EURO 2004 graças aos golos apontados por Maniche e Rui Costa e terminou com a possibilidade da Rússia chegar aos quartos-de-final.

Impossibilitada de desperdiçar mais pontos, a equipa de Luiz Felipe Scolari entrou a “todo o gás”, conseguindo marcar um importante golo logo nos minutos iniciais. Apesar de não ter conseguido uma exibição brilhante, Portugal demonstrou ter ultrapassado o trauma do jogo inaugural e manteve a esperança de qualificação para os quartos-de-final.

Depois de vibrarem com a transmissão do jogo entre a Espanha e a Grécia nos ecrãs gigantes do Estádio da Luz, os cerca de 55 mil de espectadores presentes nas bancadas, bem como os vários milhões de portugueses espalhados pelo mundo, ficaram surpreendidos com a "revolução" que Scolari promoveu na defesa. Miguel, Ricardo Carvalho, Nuno Valente entraram para os lugares de, respectivamente, Paulo Ferreira, Fernando Couto e Rui Jorge. Deco apareceu também no “onze” inicial, por troca com Rui Costa.

Como Scolari pedira, Portugal entrou em campo com uma atitude muito agressiva a meio-campo, o que lhe permitiu recuperar várias bolas. Numa delas, Deco assistiu Maniche, que, dentro da área, rematou de pé direito para o primeiro golo, sem hipóteses para o seu anterior colega de equipa no Benfica, Ovchinnikov.

Após o golo português, o triângulo no meio-campo, com os portistas Costinha e Maniche atrás de Deco, tomou conta dos acontecimentos, como provam os 60 por cento de posse de bola registrados ao intervalo contra os apenas 40 por cento da equipa russa, que sempre privilegiou o contra-ataque na tentativa de surpreender a defensiva portuguesa. A equipa de Yartsev não dispôs de qualquer oportunidade clara para marcar nos primeiros 45 minutos.

Depois de ter marcado no primeiro minuto da partida, Portugal voltou a estar perto do golo à passagem do 27º minuto, com Ricardo Carvalho a cabecear ao lado. No minuto seguinte, Figo ultrapassou dois adversários com Pauleta a chegar atrasado do cruzamento do médio do Real Madrid. Um mau atraso do capitão Smertin levou à expulsão do guarda-redes russo. O árbitro norueguês, Terje Hauge, considerou que Ovchinnikov tocou com a mão na bola fora da área perante a insistência de Pauleta. O “trinco” Aldonin foi o “sacrificado” para a entrada de Malafeev.

Em vantagem numérica no marcador, a equipa treinada por Luiz Felipe Scolari iniciou a segunda parte com o mesmo espírito empreendedor perante uma Rússia que correu mais riscos na defensiva. Yartsev colocou a sua defensiva em igualdade numérica com o ataque português, o que permitiu mais espaços para o ataque luso. Maniche, de fora da área, lançou o primeiro aviso aos 49 minutos.

Scolari substituiu Pauleta por Nuno Gomes, aos 57 minutos, na tentativa de refrescar a presença ofensiva, dado o cada vez maior atrevimento atacante russo, que resultou no primeiro remate à baliza, aos 52 minutos. Ricardo defendeu para canto. Quatro minutos depois, Rui Costa rendeu Simão, com o “onze” português a ganhar maior organização atacante, em detrimento dos movimentos “explosivos” do extremo.

Portugal esteve perto de aumentar a vantagem, aos 63 minutos, com Figo a rematar ao poste e Deco, na recarga, a atirar por cima, após uma jogada de entendimento entre o médio ofensivo portista e Nuno Gomes. Malafeev teve de se aplicar a fundo para travar os remates de Deco, aos 72 minutos e de Figo, três minutos depois, na busca portuguesa pelo golo da tranquilidade.

Com Yartsev a arriscar tudo, com a colocação de avançados nos lugares dos dois médios alas, passando a jogar em 4x2x3, Scolari lançou Ronaldo no lugar de Figo, com o extremo do Manchester United a colocar-se na esquerda do ataque, local de onde saíram as iniciativas atacantes no último quarto de hora. Na sequência de um desses lances, Cristiano Ronaldo recebeu um passe perfeito de Rui Costa e devolveu ao "maestro" do AC Milan, que estabeleceu o resultado final. Apesar da vitória, Portugal tem que ganhar à Espanha, no próximo domingo, para poder qualificar-se para os quartos-de-final.

"Onzes"

Rússia alinhada em LisboaBob Thomas Sports Photography vi

Rússia: Ovchinnikov; Sennikov, Bugaev, Smertin (c), Evseev; Karyaka (Bulykin 79), Izmailov (Bystrov 72), Aldonin (Malafeev 45), Loskov , Alenichev; Kerzhakov
Suplentes: Akinfeev, Radimov, Sychev, Semshov, Gusev, Anyukov, Kirichenko
Seleccionador: Georgi Yartsev

Portugal: Ricardo; Nuno Valente, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Miguel; Simão (Rui Costa 63), Costinha, Deco, Maniche, Figo (c) (Ronaldo 78); Pauleta (Nuno Gomes 57)
Suplentes: Quim, José Moreira, Paulo Ferreira, Rui Jorge, Fernando Couto, Petit, Beto, Tiago, Hélder Postiga
Seleccionador: Luiz Felipe Scolari

Árbitro: Terje Hauge (Noruega)

Melhor em Campo: Maniche (Portugal)