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Memórias de Pereda do primeiro título de Espanha

Numa entrevista ao UEFA.com antes da sua morte, o antigo avançado da Espanha e do Barcelona, Jesús María Pereda, falou da vitória do seu país no Campeonato da Europa de 1964.

Jesús María Pereda foi decisivo na vitória da Espanha em 1964
Jesús María Pereda foi decisivo na vitória da Espanha em 1964 ©UEFA.com

A vitória da Espanha no UEFA EURO 2008 foi a primeira desde o triunfo em casa, em 1964. Este primeiro grande momento foi recordado por Jesús María Pereda, antigo avançado da selecção espanhola e do FC Barcelona, numa entrevista ao UEFA.com antes da sua morte, em Setembro de 2011. Para Chus' Pereda, foi um "sonho tornado realidade", aquele momento numa prova inesquecível. Aqui falou das suas lembranças, da pouco ortodoxa abordagem do treinador José Villalonga antes da final ante a União Soviética e do espírito de equipa que uniu uma nação.

O que é que se lembra do Campeonato da Europa de 1964?

Jesús María Pereda: De muita coisa. A final foi contra a União Soviética no Santiago Bernabéu. Foi um grande dia e toda a Espanha estava unida. Estávamos a estagiar a 50km de Madrid e fizemos o nosso plano de jogo. O nosso treinador José Villalonga desenhou um campo de futebol na areia e usou pedrinhas para nos representar a nós e pinhas para os jogadores da União Soviética. Ele convenceu-nos que as pedras eram mais fortes que as pinhas e que, por isso, nós íamos vencer.

Felizmente, marcámos primeiro. Luisito Suárez entrou pela direita e centrou. As duas "torres" soviéticas saltaram para cortar a bola. O primeiro falhou e chocou com o colega. A bola sobrou para mim e o remate que fiz foi de tal maneira forte que me fez cair. A 15 minutos do fim, eles empataram. Depois, faltavam sete ou oito minutos para acabar, fiz a jogada para o Marcelino marcar num cabeceamento em voo. Foi incrível. Passámos a noite toda a festejar e dançar.

Como se sentiu ao defrontar Lev Yashin?

 Pereda: Foi estranho porque ele tinha uma aura de super-homem, mas ele era uma boa pessoa, como as outras. O seu posicionamento era impecável e tinha uma figura imponente. Ele foi a Barcelona mais tarde e eu mostrei-lhe as vistas. Era muito simpático. Depois encontrei-o quando fui treinador num Campeonato do Mundo.

Qual foi a melhor equipa – a de 1960 ou a de 64?

Pereda: Não penso que a de 1964 fosse melhor. A de 1960 com o [Alfredo] Di Stéfano e o [László] Kubala tinha mais talento, mas não são os nomes que contam no futebol, é a equipa. Tínhamos um bom conjunto e o Luisito Suárez que era o chefe da "orquestra". Depois haviam grandes jogadores como o Amancio Amaro e Marcelino, que era um goleador nato. Tínhamos ainda o [Ignacio] Zoco, [Josep Maria] Fusté, [Feliciano] Rivilla, [Fernando] Olivella, [Isacio] Calleja e um jovem guarda-redes chamado José Ángel Iribar. Estávamos todos em forma e o trabalho do treinador foi reunir estes jogadores e assegurar que eles funcionavam bem como equipa.

Havia algum antagonismo entre os jogadores do Real Madrid e do Barcelona?

Pereda: Éramos amigos, juntamente com os do Saragoça, Athletic e Atlético. Sete jogadores da equipa eram do Real Madrid ou do Barcelona. Entendemo-nos bem e formámos uma selecção que vivia e jogava como se fossemos todos irmãos.

Como foi para um jogador do Barcelona disputar uma final no Santiago Bernabéu?

Pereda: Espectacular. Joguei no Real Madrid aos 18 anos, juntamente com Di Stéfano, [Ferenc] Puskas, [Francisco] Gento e companhia. Mas até eu fiquei impressionado pelo ambiente no estádio, que estava completamente cheio com as pessoas a cantarem España, España'. Ser campeão da Europa num palco assim foi como um sonho tornado realidade.

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