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O futuro está na formação

O experiente técnico Eugeni Shuntov vaticina um futuro brilhante para o futebol no seu país.

Por Denis Orlov

Na opinião de Eugeni Shuntov, presidente honorário da Federação de Futebol da Bielorrússia, o futebol do país está agora mais forte do que em comparação com os tempos da União Soviética.

uefa.com: Como surgiu o seu envolvimento no futebol  da Bielorrússia?

Shuntov: Sou um grande adepto do futebol desde a minha infância. Terminei os estudos e matriculei-me no Instituto de Educação Física de Minsk. Após a graduação, comecei a trabalhar nos escalões jovens, arbitrando, simultaneamente, jogos da liga da Bielorrússia. Contudo, deixei seduzir-me pelo comando técnico de escalões de formação e, em 1963, comecei a dirigir a selecção de juniores da Bielorrússia. No final da década de 60, início dos anos 70, ao cabo de uma caminhada de seis anos, a minha equipa conseguiu triunfar numa prestigiada competição de futebol jovem, em França. Em 1973, tornei-me responsável pelo futebol no Comité de Desportos da Bielorrússia, e quatro anos depois criámos o programa de desenvolvimento do futebol na Bielorrússia. No âmbito deste programa, criámos um sistema de formação de jovens jogadores, inaugurando 10 academias especializadas em futebol. O resultado foi que, em 1982, o FC Dinamo Minsk - até então uma equipa constituída por futebolistas que, maioritariamente, não pertenciam à Bielorrússia - venceu a liga soviética com um conjunto construído à base de talentos locais.

uefa.com: De que forma o colapso da União Soviética afectou este sistema?

Shuntov: Começámos por solicitar a filiação na FIFA e na UEFA, mas isso não foi fácil. No dia em que a Bielorrússia integrou a FIFA, a 3 de Julho de 1992, apenas três países, num total de 12 candidaturas, foram aceites como membros. Na altura, eu era presidente da FFB, e a minha relação pessoal com João Havelange, dirigente máximo da FIFA, traduziu-se numa ajuda importante.

uefa.com: Qual é, na sua opinião, o estado actual do futebol da Bielorrússia?

Shuntov: Os adeptos perguntam-me, frequentemente,  quando regressará o futebol da Bielorrússia à sua antiga glória. A minha resposta é simples: de que glória estão a falar? Quando é que a Bielorrússia esteve entre os três melhores do futebol europeu ou mundial? Estou há 50 anos ligado ao futebol e o nível de hoje é melhor do que na década de 80. Nessa altura, os adeptos locais tinham que se contentar em poder ver o FC Spartak Moskva ou o FC Dynamo Kyiv pelo menos uma vez por época, mas, nos dias de hoje, temos as selecções de Itália, República Checa e Holanda a actuar em Minsk. Estamos a desenvolver infra-estruturas, construindo novos estádios e complexos para treinos. Existem problemas, como a formação de técnicos para os escalões jovens, já que esta não é uma actividade apetecível, devido aos baixos salários auferidos. O Estado e os clubes devem resolver esse problema, pois todos queremos jovens jogadores de qualidade. Apesar de tudo, o nível do futebol da Bielorrússia está um pouco acima da economia.

uefa.com: Qual o caminho para o desenvolvimento do futebol na Biolorrússia?

Shuntov: Não possuímos uma economia que permita manter um liga interna forte, portanto, a lógica será produzir jovens talentos e vendê-los aos grandes clubes europeus. Uma liga interna forte não garante o sucesso da selecção nacional. A Itália, a Inglaterra e a Espanha não ganham o Campeonato do Mundo há 20 anos e uma das razões para esse insucesso reside no elevado número de estrangeiros que actuam nos seus campeonatos. Não ajuda ao desenvolvimento do talento local. Para nós, o lado positivo reside no facto de, em 2003, termos obtido excelentes resultados nos escalões de Sub-17, Sub-19 e Sub-21, nos respectivos campeonatos europeus.