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Uma boa oportunidade

Agasalim Mirjavadov, um dos treinadores mais conceituados do Azerbaijão, fala sobre o futebol do seu país.

Agasalim Mirjavadov é uma das personalidades mais respeitadas no futebol do Azerbaijão. Depois de se ter notabilizado como jogador no FK Neftchi Baku nas décadas de 1960 e 1970, posteriormente gozou uma carreira de sucesso como treinador do Neftchi, FK Karabakh-Azersun, FK Shamkir e a selecção nacional do Azerbaijão. O uefa.com falou com Mirjavadov sobre o futebol no seu país.

uefa.com: Se pudesse escolher entre a época em que jogava e os dias que correm, qual preferia?

Agasalim Mirjavadov: Em termos de bom futebol, escolheria a época em que era jogador. As principais características do jogo nessa altura eram a técnica e o improviso, sendo que os futebolistas tinham liberdade para se exprimirem. Foi um prazer jogar pelo Neftchi que, na altura, também tinha uma excelente equipa. Contudo, o futebol moderno tem as suas vantagens. Os jogadores do Azerbaijão têm mais oportunidades hoje em dia. Ao exibirem-se a um bom nível nas competições internas, na selecção Sub-21 ou na selecção principal, podem ambicionar jogar noutro país europeu. No meu tempo, os melhores jogadores permaneciam no Neftchi e muito poucos conseguiam alcançar a selecção da União Soviética, que representava quinze repúblicas.

uefa.com: Quem é o melhor jogador de sempre do Azerbaijão?

Mirjavadov: É difícil dizer. Alekper Mamedov foi o melhor jogador durante a década de 1950, o Anatoliy Banishevskiy foi a estrela nas décadas de 1960 e 1970, enquanto o Iskander Javadov surgiu como um jogador de topo nos anos 80. Todos eles eram avançados.

uefa.com: Qual foi a influência do Azerbaijão no futebol soviético?

Mirjavadov: A integração do Azerbaijão no futebol mundial foi limitada pela forma como o jogo era controlado pela União Soviética. Hoje em dia, quatro clubes do Azerbaijão podem participar nas competições europeias na mesma época, o que significa que um número elevado de jogadores e treinadores adquirem uma importante experiência a nível internacional, algo que não existia na nossa altura.

uefa.com: Qual o motivo que impede o Azerbaijão de, hoje em dia, produzir estrelas como Banishevskiy?

Mirjavadov: Existem vários motivos. A guerra com a Arménia, que terminou em 1993, suspendeu o nosso desenvolvimento temporariamente. A independência também trouxe tempos difíceis para o nosso país e o sistema que produzia jogadores talentosos cessou de existir, devido à falta de financiamentos. Por outro lado, Banishevskiy era um jogador especial, do tipo que só aparece de duas em duas gerações.

uefa.com: Qual tem sido o trabalho desenvolvido pela Associação de Futebol do Azerbaijão (AFFA) desde a independência?

Mirjavadov: Uma das coisas que a AFFA tem sido incapaz de fazer é de implementar uma boa relação de trabalho com o Estado. O futebol no Azerbaijão necessita do apoio do Estado. Diria também que a AFFA devia dar maior atenção ao desenvolvimento da modalidade nas várias regiões. Temos também de procurar uma forma de criar um programa de licenciamento dos treinadores e de alterar o calendário da Liga, porque actualmente temos um jogo em cada quinze dias.

uefa.com: O que pode ser feito para melhorar o actual estado das coisas?

Mirjavadov: A AFFA devia cooperar com o Estado de modo a solucionar os problemas. Temos de olhar para o exemplo da Letónia. As equipas da Letónia eram sempre adversários fáceis na liga soviética, mas desde então têm investido na formação de jogadores. O Shamkir venceu o Skonto FC por 4-1 na fase de qualificação da UEFA Champions League de 2001. Dois anos depois, sete jogadores do Skonto pertenciam à selecção da Letónia que ganhou um lugar no UEFA EURO 2004™. Mesmo quando vencemos o Skonto, notei quão profissionais eles eram. Penso que podemos fazer o mesmo. Com um novo presidente da AFFA, podemos tirar proveito do "boom" desportivo no nosso país. O desporto está a desenvolver-se rapidamente e esta é a oportunidade do Azerbaijão.

uefa.com: Como é que a UEFA apoia países de menor dimensão como o Azerbaijão?

Mirjavadov: A UEFA faz muito. O estádio Shafa, em Baku, foi construído com a ajuda da UEFA e todos os anos o organismo fornece apoios financeiros para desenvolver o futebol. Mas o mais importante é o licenciamento, que permitirá colocar os nossos clubes no trilho certo.