Bélgica recupera alma com qualificação para o Mundial

Marc Wilmots, seleccionador da Bélgica, afirmou que a equipa nacional "recuperou os adeptos e a alma", depois da vitória sobre a Croácia, sinónimo de apuramento para o Campeonato do Mundo do próximo ano, naquela que é primeira qualificação dos belgas para uma fase final de um grande torneio desde 2002.

Wilmots, que capitaneou os belgas na caminhada até aos oitavos-de-final do Mundial do Japão e da Coreia do Sul, há 11 anos, tornou-se seleccionador em Junho de 2012, sucedendo a Georges Leekens. Desde então, moldou uma equipa cheia de talento e transformou-a numa máquina de ataque, que brilhou intensamente no Grupo A da zona europeia de qualificação para o Campeonado do Mundo.

"Jogámos com muita maturidade", disse Wilmots, após o triunfo por 2-1 conseguido no Stadion Maksimir, em Zagreb. "Neste jogo, puderam ver como evoluímos enquanto equipa. Não demos espaços e punimos o adversário quando tivemos oportunidades."

Sob o comando do técnico de 44 anos, a Bélgica voltará a estar à mesa com os grandes do futebol mundial, mas Wilmots sublinha que tanto ele como os jogadores não podem descansar à sombra dos louros. "Esta história está longe do fim", insistiu. "Vou continuar a trabalhar e a preparar a equipa. Cabe-me a mim e ao meu 'staff' ter a equipa na melhor condição possível no Mundial. A Bélgica recuperou os adeptos e a alma."

"Se alguém merece os parabéns, são os jogadores. Foram eles que conseguiram este resultado", acrescentou Wilmots, antes de revelar que a equipa recebeu uma mensagem de congratulações da família real belga. "O Rei Felipe telefonou-me depois do jogo. Isso é algo de que nos devemos orgulhar."

De facto, o ressurgimento da selecção belga reavivou o ânimo dos adeptos, esmorecido por uma série de campanhas decepcionantes. Os bilhetes para os jogos esgotam rapidamente e grande parte do país acompanhou a vitória na Croácia pela televisão. Algumas centenas de adeptos juntaram-se no Aeroporto Zaventem, já depois da meia-noite, para receber os heróis em festa. Romelu Lukaku, autor dos dois golos em Zagreb, foi o mais ovacionado.

"Tive este jogo na cabeça durante toda a semana", disse o avançado. "Queria ser decisivo, mas todos os jogadores são heróis e não apenas eu. Depois do meu primeiro golo, corri para os adeptos, que voltaram a estar em grande número. Também foi por causa deles que conseguimos chegar onde chegámos."

A ocasião festiva também levou Lukaku a recordar onde estava na última vez em que a Bélgica participou numa fase final do Mundial. "Estava na terceira classe", revelou. "Lembro-me de que defrontámos o Brasil e deixaram-nos ver o jogo na escola."