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Promessa cumprida

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Anatoliy Banishevskiy, avançado da URSS, foi amado pela sua lealdade, para além dos seus golos.

Para assinalar o Jubileu da UEFA, cada federação nacional foi convidada a nomear o seu melhor jogador dos últimos 50 anos. O Azerbaijão escolheu Anatoliy Banishevskiy como o seu Jogador de Ouro.

Por Erkin Ibragimov

"Existe aqui um rapaz que será falado por toda a gente. É muito coordenado, corajoso, eficaz e sente a bola com todos os seus sentidos. Ainda lhe falta refinar as suas qualidades. É um gato, mas vai transformar-se num lince. Um avançado criado por Deus".

Início alucinante
Estas palavras foram proferidas em 1963 por Boris Arkadjev, treinador do FK Neftchi, acerca de Anatoliy Banishevskiy, então um jovem de 17 anos. Dois anos depois, Nikolay Morozov, seleccionador da antiga URSS, já tinha visto o suficiente para convocar Banishevskiy. O "teenager" respondeu com sete golos em oito jogos, incluindo um "hat-trick" num jogo na Grécia, um tento em Cardiff ante o País de Gales, e golos ao Uruguai, em Montevideu, e à Argentina, em Buenos Aires.

Magia no Maracanã
Esta sequência foi concluída com um magnífico golo marcado ao Brasil no Estádio Maracanã, que valeu a Banishevskiy uma ovação de pé, num jogo em que a URSS empatou 2-2 - o seu primeiro resultado positivo em partidas com a selecção sul-americana.

Dom invulgar
"Banishevskiy tinha o dom invulgar de saber exactamente para onde se deslocar nas jogadas de ataque, e os seus movimentos surpreendiam sempre os defesas. Se recebesse um bom passe, e conseguisse ultrapassar o defesa com a bola nos pés, era capaz de criar ocasiões de golo", afirmou Mihail Yakushin, outro seleccionador soviético que trabalhou com o avançado.

Conto de fadas
Foi, no entanto, a sua chamada por Morozov que transformou "Banya" no centro das atenções. Poucos jogadores tinham feito a estreia internacional com tão tenra idade. Nunca tinha acontecido que um jovem nascido em Baku, a capital do Azerbaijão, tivesse de substituir avançados dos clubes de Moscovo.

Personalidade forte
Banishevskiy não se deixou afectar pelo entusiasmo que foi criado à sua volta. Era um homem simples, e mesmo com o estatuto de jovem estrela em Baku, recusou-se a tirar dividendos da sua fama, excepto quando se tratava de ajudar amigos e companheiros de equipa.

Herói nacional
Na sua carreira, Banishevskiy foi 51 vezes internacional e marcou 19 golos pela URSS. Marcou também mais de uma centena de golos no campeonato soviético. Estes feitos tornaram-no o melhor jogador azeri de sempre - ainda mais popular do que o lendário Alekper Mamedov, que um dia marcou quatro golos ao AC Milan, em San Siro, ao serviço do FC Dinamo Moskva.

No mesmo clube
O que deu popularidade a Banishevskiy foi o facto de, ao contrário de Mamedov, se ter mantido fiel ao Neftchi e ao Azerbaijão, apesar das boas propostas que lhe foram feitas pelo FC Dynamo Kyiv e pelos clubes de Moscovo. "Não seria capaz de jogar longe de Baku", respondeu, de forma surpreendente.

Amor e não dinheiro
Na verdade, qualquer referência actual a Banishevskiy ficará incompleta se não dissermos que foi um rapaz que jogou futebol pelo amor ao jogo, e não pelo dinheiro ou ambição de conseguir uma carreira. Foi um futebolista feito nas ruas, que chegou ao mais alto nível.

Génio lembrado
"Banya" morreu com 51 anos, pobre e sozinho. O seu funeral foi, no entanto, um dos maiores de sempre em Baku, onde as pessoas lamentaram a perda de um génio do futebol. A sua lenda continua nos corações de quem o viu jogar.