O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

Presente e futuro: à conversa com Carolina Mendes e Kika Nazareth

Duas atacantes de Portugal em fases diferentes da carreira falam sobre a sua inspiração, o seu desenvolvimento e o UEFA Women's EURO 2022.

Kika Nazareth e Carolina Mendes
Kika Nazareth e Carolina Mendes UEFA

Carolina Mendes, avançada de 34 anos, vai ficar para sempre na história do futebol português por ter sido a autora do primeiro golo de Portugal numa fase final de um Women's EURO, em 2017, no triunfo por 2-1 sobre a Escócia. Cinco anos depois, conta agora com mais de 100 internacionalizações e passagens por clubes de Espanha, Itália, Rússia, Suécia e Islândia.

No polo oposto surge Francisca "Kika" Nazareth, que aos 19 anos já habituou tudo e todos aos seus golos pelo Benfica, tendo participado na edição inaugural da fase de grupos da UEFA Women's Champions League. Estreou-se a marcar pela selecção principal de Portugal nos jogos de preparação para o Women's EURO 2022, o seu primeiro grande torneio de selecções principais.

As duas estiveram à conversa com o UEFA.com sobre o que as levou a jogarem futebol, as oportunidades que tiveram, quem as influenciou e o que significa para elas representar Portugal.

Quando começou a jogar futebol?

Mendes: Comecei a jogar futebol aos 16 anos. É um pouco tarde. Era a única equipa que existia na minha área e era de futebol de sete, só raparigas. Aposto que a Kika começou mais cedo.

Nazareth: Começaste um pouco tarde, realmente. Na minha geração há muitas raparigas que começaram com 10 ou 11 anos. Nunca joguei futebol com rapazes, mas tive uma transição do futsal para o futebol - desde os seis anos até aos 13 ou 14 anos joguei futsal com rapazes e depois fiz a transição para o futebol e foi logo para jogar com raparigas. 

Quando percebeu que podia ter uma carreira como futebolista?

Mendes: No meu caso tive de ir para o estrangeiro, porque em Portugal, na altura, o futebol feminino era totalmente amador e era impossível fazer carreira aqui. Então tive que emigrar para ser jogadora profissional e ter algumas condições. Só aí que comecei a pensar que poderia fazer carreira no futebol. Não foi um caminho premeditado, eu não disse: "Vou ser jogadora de futebol daqui a alguns anos". Não foi uma caminhada planeada e nunca pensei em ganhar títulos ou chegar a um determinado lugar.

Nazareth: Tiveste de ir para o estrangeiro para seres jogadora profissional? Não sabia disso. Eu não precisei de pensar muito. As coisas foram acontecendo. Só recentemente comecei a perceber – e hoje estou no EURO e ainda não consigo acreditar – que isto me está mesmo a acontecer e que é real.

Nazareth em acção pelo Benfica frente ao Lyon
Nazareth em acção pelo Benfica frente ao LyonUEFA via Getty Images

Tinha algum ídolo ou modelo enquanto crescia que a tenha influenciado e ajudado a crescer como jogadora?

Mendes: Quando comecei a jogar futebol, não sabia muito sobre futebol feminino. Não sabia nada sobre as selecções. Tudo acabou por acontecer de forma algo rápida. Os meus ídolos, na altura, eram as jogadoras mais velhas: Carla Couto, Sónia Matias, Edite Fernandes. Naquela época, comecei a olhar para elas de uma maneira diferente e comecei a olhar para o futebol feminino de maneira diferente. Além disso, elas jogavam no estrangeiro e, por isso, fui influenciada por elas. Queria ser como elas. Acho que foi aí que a minha caminhada para o profissionalismo começou.

Nazareth: Isto vai soar mal, mas ainda não sei muito sobre futebol feminino. A primeira jogadora de que ouvi falar, porque treinei com ela no Benfica, foi a Matilde Fidalgo. E foi só porque nessa altura ela era a mais empenhada; era a primeira a chegar e a última a sair. Ainda hoje não sei muito sobre o futebol feminino, embora já saiba os nomes de mais jogadoras. Em termos de modelos, e de ter a possibilidade de fazer parte de uma equipa como esta, não posso deixar de referir a Andreia Norton, como jogadora ela é especial. E, como pessoa, tenho de dizer a Carolina…

Mendes: Ela está só a dar-me graxa.

Nazareth: Estou a ser sincera!

Como é representar Portugal num Women's EURO?

 Mendes  celebra depois de marcar à Escócia no Women's EURO 2017
Mendes celebra depois de marcar à Escócia no Women's EURO 2017SPORTSFILE

Mendes: É o sonho de qualquer jogadora. Todos os futebolistas querem jogar nas melhores equipas, nos maiores palcos e defrontar os melhores. A minha experiência no último EURO foi espectacular, jogámos em estádios lotados e isso está a tornar-se normal nos dias que correm. É assim que deve ser. Foi muito bom, muito positivo e espero que isso volte a acontecer e que seja igual ou ainda melhor que da última vez.

Nazareth: No geral, e não estou a falar apenas de mim, acho que, durante largos anos, nunca pensámos chegar a um EURO. Em 2017 eu tinha 15 anos. Vou ser honesta, não assisti a nenhum jogo e não sabia muito sobre futebol feminino na altura. Estive no EURO Feminino Sub-17, num contexto completamente diferente - não se compara a isto.

Mendes: Então aproveita o EURO. Tenho certeza de que vais desfrutar. E marca muitos golos, porque temos uma pequena aposta dentro da equipa! Quanto ao resto, continua com essa mesma veia e faz as pessoas sorrirem.