UEFA Women's Champions League: É bom estar de volta
Quinta-Feira, 27 de Agosto de 2020
Sumário do artigo
Vemos como a principal competição europeia de clubes feminina teve um regresso positivo a jogo em Espanha.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
Há muito que era um sonho que jogos grandes da UEFA Women’s Champions League pudessem realizar-se em estádios magníficos como o Anoeta, da Real Sociedad, e o San Mamés, do Athletic Club. E isso veio mesmo a acontecer, com a inédita fase final do torneio esta época.
No mesmo dia em que as principais competições europeias masculinas de clubes foram marcadas para Lisboa e Alemanha, o torneio de topo feminino foi confirmado para Bilbau e San Sebastián. A notícia foi muito bem recebida, já que para a maioria das jogadoras, esta prova oferecia a primeira grande oportunidade para regressarem a jogo após a interrupção e confinamento a que o futebol foi sujeito. Dos oito participantes na fase final, apenas Wolfsburgo e Bayern conseguiram acabar a época nacional.
Como Aleksander Čeferin, Presidente da UEFA, disse, "A UEFA Women's Champions League vai trazer uma mensagem de esperança".
Encontrar uma solução em Espanha
O caminho desde o adiamento até à remarcação não foi fácil. Felizmente, a UEFA foi capaz de trabalhar em conjunto com a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) – que está habituada a grandes eventos – para identificar dois estádios próximos entre si e com infra-estruturas ideais para receber jogos nestas circunstâncias únicas. Mesmo não sendo um torneio normal, à UEFA não falta experiência na organização de diversos tipos de competições. Isso significa que foi capaz de, num curto espaço de tempo, escolher locais, planear e implementar tudo o que fosse necessário.
No centro dos desenvolvimentos, como é óbvio, estiveram os próprios clubes. O trabalho próximo da UEFA com cada equipa, mais a Associação Europeia de Clubes (ECA), garantiram que o torneio ia funcionar para os finalistas. Isso incluiu tornar possível, em termos logísticos, prepararem-se e levarem uma vida normal na sua própria "bolha", bem como lidarem com uma época que passava a terminar em Agosto, para além de jogadoras importantes terminarem contrato em Junho e já existirem transferências acordadas. Cooperação foi a palavra-chave para garantir que a principal competição europeia de clubes feminina poderia avançar.
Amanda Sampedro, jogadora do Atlético de Madrid, ficou agradada quando soube dos novos locais. "Sempre disse que no norte de Espanha o futebol é vivido de uma forma maravilhosa", disse. "Penso que são estádios e cidades perfeitos para acolher a Champions League – e para ajudar o futebol feminino a continuar o seu crescimento e evolução em Espanha".
Mudanças também afectam jornalistas
Para além de clubes, organizadores dos jogos e funcionários dos estádios, os jornalistas também fizeram parte de um lote restrito de pessoas que tiveram a sorte de poder estar no local para assistir aos jogos. Foi sem dúvida uma experiência pouco habitual, apesar da ausência de ruído envolvente ter tornado mais cerebral o processo de acompanhar um jogo. Com as conversas de jogadores e treinadores audíveis, e talvez ajudados pela vista panorâmica da bancada de imprensa do Anoeta, é mais fácil abstraírem-se do ambiente que envolve o jogo e concentrarem-se na vertente táctica e estratégica do jogo.
Como é óbvio, as jogadores precisam manter a distância dos jornalistas, mas ainda assim há perguntas para serem feitas e opiniões para serem transmitidas.
Como tal, microfones na extremidade de longas varas tornou-se numa imagem habitual durante as entrevistas pós-jogo conduzidas pelas estações televisivas.
Em jeito de ajuda, entrevistar alguém a metros de distância e com uma máscara no rosto foi facilitado pelo ambiente de quase silêncio em redor.
A emoção de eliminatórias a um só jogo
Outra grande diferença neste mini-torneio foi a fase a eliminar, que ficou ainda mais decisiva. Em vez de 13 jogos ao longo de dois meses, disputados um pouco por todo o continente, tudo aconteceu no espaço de dez dias e na mesma região. Com choques e reviravoltas, a emoção aumentou ainda mais.
Stephan Lerch, treinador do Wolfsburgo, concordou com esta avaliação antes do jogo frente ao Glasgow City: "Este formato torna as coisas muito excitantes. Há que estar preparado desde o primeiro minuto; não há segundas oportunidades. Talvez para equipas menos favoritas que cheguem a esta fase seja uma boa oportunidade, pois com alguma sorte podem protagonizar uma surpresa. Estamos cientes disso e queremos evitá-lo. É uma nova experiência para nós".
A equipa de Lerch não teve dificuldades em alcançar as meias-finais, graças a uma goleada por 9-1. Noutros duelos dos quartos-de-final, o Barcelona eliminou o Atlético Madrid por 1-0 e o Lyon venceu o Bayern Munique por 2-1.
Isso significou que a primeira meia-final colocou frente-a-frente Wolfsburgo e Barcelona, com a formação alemã a vencer por 1-0 graças a um golo da sueca Fridolina Rolfö. No outro jogo, o Lyon venceu o Paris pelo mesmo resultado, ditando a oitava final entre uma equipa francesa e uma alemã.
Independentemente de qual se sagrar campeão, as jogadoras ficarão aliviadas por terem tido a oportunidade de terminar uma competição para a qual tanto trabalharam para alcançar a fase final. "Estamos muito felizes por podermos ter disputado os jogos", disse Signe Bruun (PSG) após os quartos-de-final. A nível pessoal, o seu regresso após ausência prolongada por lesão acabou por encaixar na perfeição. "Esta é uma solução muito boa. Não há pessoas a verem; não há som, tudo está tranquilo. Por isso é diferente, mas é uma solução muito boa terminar o torneio assim".
Pode ler aqui a antevisão da final UEFA Women's Champions League, no domingo.