"Hat-trick" de Müller empurra RFA para a final do EURO 1976
sexta-feira, 3 de outubro de 2003
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Jugoslávia 2-4 RFA (ap)
Dieter Müller entrou a tempo de assinar um "hat-trick" na estreia e apurar a República Federal da Alemanha para a segunda final seguida.
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A Jugoslávia estava com um pé na final do Campeonato da Europa de 1976 quando o seleccionador da República Federal da Alemanha (RFA), Helmut Schön, fez uma das substituições mais acertadas de todos os tempos.
Os alemães perdiam por 2-1 a 11 minutos do final, altura em que Schön trocou Herbert Wimmer por Dieter Müller que, na estreia pela selecção, fez o jogo de sua vida. O avançado do 1. FC Köln precisou de apenas três minutos em campo para fazer o empate, marcou mais dois golos no prolongamento e, com um "hat-trick", colocou a RFA na final.
Foi um desfecho terrível para a Jugoslávia, que tinha praticado excelente futebol no primeiro tempo, provando que a sua técnica e criatividade podiam levar a melhor sobre a organização alemã. Os campeões mundiais foram simplesmente dominados, especialmente por Dragan Džajić e pelo veloz Slaviša Žungul no flanco direito.
Danilo Popivoda inaugurou o marcador aos nove minutos, depois de receber a bola, ultrapassar Franz Beckenbauer em velocidade e enganar o guarda-redes com um remate em queda para o lado contrário. Sepp Maier fez uma série de boas defesas e interceptações, mas pareceu distraído por Berti Vogts ao não segurar um cruzamento da direita, permitindo a Džajić marcar com o peito. Foi então que surgiu o intervalo: nessa altura, o detentor do troféu tinha sido banalizado.
Vogts, o defesa que tinha anulado Johan Cruyff tranquila na final do Campeonato do Mundo de 1974, estava a ser atormentado por Džajić, mas nunca desistiu e acabou por controlar o jugoslavo. Beckenbauer começava a surgir com as suas famosas investidas da defesa, empurrando a equipa para o ataque com excelentes passes.
O primeiro golo da RFA surgiu de forma algo fortuita aos 64 minutos, mas foi um prémio merecido para a determinação germânica. Heinz Flohe tentou a sorte de longa distância, a bola sofreu um desvio e só parou no fundo da baliza jugoslava. Rainer Bonhof marcou um canto da esquerda e encontrou Müller desmarcado ao segundo poste que, na primeira vez que tocou na bola num jogo internacional, marcou de cabeça e levou o jogo para prolongamento.
A contenda parecia caminhar para o desempate por grandes penalidades quando Flohe ultrapassou Žungul junto à linha de fundo e encontrou Beer Erich que, junto ao poste mais distante, atrasou para Müller fazer o 3-2. Quatro minutos depois, a sua estreia de sonho ficou completa quando Bonhof disparou forte e a bola foi devolvida pelo poste para a frente do avançado.
Este lance constituiu o derradeiro golpe para a Jugoslávia, mas a RFA estava habituada a este tipo de recuperações desde a final do Campeonato do Mundo de 1954. Os alemães não estavam satisfeitos e, por isso, Müller voltou a marcar na final. A equipa de Schön esteve a perder por 2-0, mas conseguiu forçar o prolongamento frente à Checoslováquia, certamente desconhecedora da determinação adversária.
Equipas
Jugoslávia: Petrović; Buljan, Mužinić, Katalinski; Oblak (Vladić 105), Aćimović (c) (Peruzović 105); Šurjak, Popivoda, Jerković, Džajić, Žungul
Suplentes: Marić, Halilhodžić, Vukotić,
Treinador: Ante Mladinić
RFA: Maier; Beckenbauer (c), Dietz, Schwarzenbeck, Vogts; Beer, Bonhof, Danner (Flohe 46), Hoeness; Holzenbein, Wimmer (Müller 79)
Subplentes: Nogly, Kaltz, Kargus
Treinador: Helmut Schön
Árbitro: Alfred Delcourt (Bélgica)