Porque não conseguiu a Alemanha bater a França
sexta-feira, 8 de julho de 2016
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O campeão do Mundo não vai estar na final do EURO 2016, este domingo, em Paris. Steffen Potter, o repórter que acompanhou a selecção alemã, explica o que falhou.
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Ausência de um finalizador
A Alemanha não tem um verdadeiro goleador de classe mundial. Iniciou o UEFA EURO 2016 com Mario Götze, um médio-ofensivo, a actuar como "falso No9" e, quando esse plano não resultou, lançou um ponta-de-lança mais convencional, Mario Gomez. Essa mexida conferiu aos alemães maior equilíbrio e capacidade de penetração, mas uma lesão sofrida nos quartos-de-final, ante a Itália, impediu-o de actuar contra a França, o que se revelou decisivo. Thomas Müller costuma marcar muitos golos, mas neste torneio esteve longe do jogador que nos habituou a ser, apesar de ter sempre trabalhado muito nos jogos.
Incapacidade na finalização
Uma diferença subtil em relação ao ponto um. A ausência de um ponta-de-lança goleador foi um problema, mas a equipa criou oportunidades de golo mais do que suficientes em todos os jogos. Os sinais de preocupação surgiram logo na escassa vitória por 1-0 sobre a Irlanda do Norte, num jogo em que o campeão do Mundo desperdiçou inúmeras oportunidades de golo. Joachim Löw alertou, depois desse jogo, que se a equipa continuasse a mostrar tal ineficácia acabaria por pagar caro, e foi o que acabou por acontecer em Marselha.
Muitas baixas
Gomez, Müller, Marco Reus e Götze são alguns dos jogadores alemães mais perigosos no que toca a golos. Sem Gomez e Reus e com Müller e Götze longe do seu melhor, a "mannschaft" mostrou dificuldades frente à França. Além disso, não contou também com Mats Hummels, castigado, nem com Sami Khedira, lesionado, e ainda perdeu Jérôme Boateng depois do intervalo. "Ficar sem quatro pilares é demais para qualquer equipa", lamentou Löw.
Esperança no futuro
Mas talvez quinta-feira tenha sido apenas "uma má noite", como disse o seleccionador alemão. Excepção feita à finalização, não houve nada de verdadeiramente errado com a equipa e Löw tem razão quando diz que esta cometeu "muito poucos erros" ao longo da prova.
O meio-campo mostrou consistência e será ainda mais forte quando İlkay Gündoğan (outro ausente) regressar. Depois, o quarteto defensivo composto por Hector-Hummels-Boateng-Kimmich mostrou solidez. Joshua Kimmich foi uma das revelações do torneio, como lateral-direito, apesar do erro cometido pelo jovem de 21 anos no segundo golo da França - que derivou da excessiva tendência alemã para utilizar o seu futebol de passe curto.
Evidências de que este foi o fim de uma campanha, mas não de uma era.