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Portugal de sangue-frio afasta Inglaterra

Portugal 2-2 Inglaterra (6-5 nos penalties)
Num jogo épico, decidido num penalty do guarda-redes Ricardo, Portugal apurou-se para as meias-finais e deixou a Inglaterra pelo caminho.

Ricardo marca o penalty decisivo para Portugal
Ricardo marca o penalty decisivo para Portugal ©Getty Images

Portugal está nas meias-finais do UEFA EURO 2004 depois de ter vencido a Inglaterra, através do desempate por grandes penalidades. Ricardo defendeu o penalty de Vassell e foi mesmo o guarda-redes que converteu o pontapé que eliminou a Inglaterra.

Um jogo sem fim. Uma grande epopeia dos portugueses, que acreditaram na vitória, que apenas chegou nas grandes penalidades. A Inglaterra esteve a ganhar dos três aos 83 minutos, Postiga empatou nos últimos minutos e levou o jogo para o prolongamento. Rui Costa marcou na segunda-parte do tempo extra, mas Lampard empatou. No desempate por grandes penalidades, Beckham falhou o primeiro, mas o número 10 português também falhou. Depois da primeira série de cinco penalties, ambas as equipas voltaram a marcar na primeira tentativa. Seguiu-se o "show" de Ricardo. Defendeu, sem luvas, o remate inglês e marcou o penalty decisivo que coloca os anfitriões nas meias-finais.

EURO 2004: Tudo o que precisa saber

Além da troca "obrigatória" de Nuno Gomes por Pauleta, Scolari repetiu o "onze" que venceu a Espanha, reforçando a aposta nos jogadores que saíram vitoriosos do duelo ibérico, no regresso ao placo da primeira vitória na competição, frente à Rússia, mas desta vez sem tanto apoio português, dada o elevado número de adeptos ingleses presentes no Estádio da Luz.

Pela primeira vez no EURO 2004, Portugal encontrou uma equipa com dois pontas-de-lança encostados nos centrais, situação que Scolari resolveu  com a descida de Costinha para a marcação a Rooney, recuando Deco para perto de Maniche, atrás dos três jogadores mais avançados: Ronaldo, na esquerda, Figo, na direita, e Nuno Gomes, entre os centrais ingleses.

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O jogo começou com o primeiro golo de Owen no campeonato. O ponta-de-lança inglês aproveitou o erro no atraso de Costinha para Ricardo, interceptou o passe e, frente ao guarda-redes português, inaugurou o marcador, aos três minutos de jogo.

A equipa lusitana reagiu dois minutos depois, com Ronaldo, isolado por Figo, a ver o seu remate de pé direito ser interceptado por um defesa contrário. Aos sete minutos, Maniche, num remate de fora da área,  obrigou James a uma grande defesa, e no lance seguinte, Ronaldo voltou a estar perto do golo, tal como Nuno Gomes, ainda antes do décimo minuto, que viu o seu remate ser desviado por Terry.

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Após o golo, a Inglaterra não se remeteu à defensiva, continuando a atacar, com Owen e Rooney a disporem de oportunidades para marcar. Portugal também esteve perto do empate, com Miguel e Costinha a verem os seus remates a passarem por cima da trave de James.

Com a saída de Rooney, lesionado num tornozelo, por troca com Darius Vassel, Portugal ganhou ascendência no encontro, com Nuno Gomes, e Ronaldo a estarem, novamente, perto do golo. Owen ripostou, aos 29 minutos, com Ricardo a responder com uma defesa espantosa.

É histórica a incapacidade inglesa de fechar, mesmo em vantagem no marcador, os caminhos da sua baliza, o que levou a que Portugal tenha conseguido 13 remates à baliza de James nos primeiros quarenta e cinco minutos, mas apenas um tomou o destino do golo a que o guarda-redes inglês defendeu com mestria. Com apenas 42 por cento da posse de bola ao intervalo, a equipa inglesa rematou oito vezes, com três bolas a encontrarem a baliza de Ricardo.

Em desvantagem no regresso dos balneários, Scolari manteve o "onze" inicial e encontrou uma equipa estrategicamente remetida à sua defensiva, de forma a tentar segurar a vantagem, mas também para conseguir metros para a velocidade dos contra-ataques de Vassel e Owen.

O ataque planeado português fez com que a Inglaterra não realizasse qualquer remate no primeiro quarto-de-hora da segunda parte, mas os quatro "tiros" portugueses não incomodaram o "onze" inglês, reforçado com o defesa Phil Neville, por troca pelo médio-ofensivo e companheiro de equipa Paul Scholes.

Scolari lançou o extremo Simão, para a ala esquerda do ataque, substituindo Costinha, com Figo a recuar para o centro do meio campo. A inversão do triângulo do meio-campo, com Maniche como vértice defensivo e Deco e Figo atrás dos três avançados Simão, Ronaldo e Nuno Gomes colocou maior pressão sobre a defensiva contrária. Embora sem resultados práticos.

A 15 minutos do final do encontro, Scolari tirou Figo do campo, colocando Hélder Postiga no seu lugar, e, dois minutos depois foi Miguel a sair para dar lugar a Rui Costa, no tudo por tudo do seleccionador português em chegar ao empate, que foi conseguido, aos 83 minutos, pelo avançado do Totenham FC num cabeceamento imparável, após cruzamento de Simão.

Ao remate de Campbell à barra, aos 89 minutos, Nuno Gomes, já nos descontos, cabeceou a escassos centímetros da baliza de James, antes de Urs Meier apitar para o final dos noventa minutos e, consequentemente, para o prolongamento.

Com Deco como falso defesa-direito, coube a Rui Costa organizar as jogadas para os quatro avançados portugueses. O médio do AC Milan obteve o segundo golo, aos 110 minutos, num remate indefensável para James.

Porém, a equipa portuguesa não conseguiu manter a vantagem, já que, a cinco minutos do fim, Frank Lampard empatou, novamente o encontro, levando ambas as equipas para o desempate nos pontapés na marca de grande penalidade.

Reacções

Frank Lampard em acção frente a Portugal
Frank Lampard em acção frente a PortugalIcon Sport via Getty Images

Luiz Felipe Scolari, seleccionador de Portugal : "Sofri muito e certamente precisarei de fazer um exame ao coração. As emoções foram fortes neste jogo e quero agradecer sinceramente a todos os portugueses pela forma como têm apoiado os jogadores e a selecção. Também quero agradecer aos meus jogadores, que foram imbatíveis durante toda a partida. Merecemos a vitória inteiramente porque acredito que a minha equipa foi a melhor em campo."

Sven-Göran Eriksson, seleccionador de Inglaterra: "Foi um jogo dramático - primeiro marcámos o 1-0, depois eles empataram, depois por 2-1 e fomos para prolongamento, o que foi incrível. Infelizmente, perdemos nos penalties, e isso é muito difícil. O espírito da equipa tem sido fantástico durante todo o torneio e não tenho nenhuma reclamação sobre os meus rapazes. Perder desta maneira, no entanto, é muito difícil."

Michael Owen, médio de Inglaterra: "Foi uma grande decepção para nós, mas parece que não temos sorte nos penalties. Esses torneios acontecem a cada dois anos e não podemos esperar ganhar sempre. Mas perder nas grandes penalidades quando marcamos quatro dos cinco primeiros é um duro golpe. É futebol."

EURO 2004: Equipa do Torneio

Equipas

A selecção portuguesa antes do jogo com a Inglaterra
A selecção portuguesa antes do jogo com a InglaterraIcon Sport via Getty Images

Portugal: Ricardo; Miguel (Rui Costa 79), Jorge Andrade, Ricardo Carvalho, Nuno Valente; Costinha (Simão Sabrosa 63), Deco, Maniche; Luis Figo (Hélder Postiga 75), Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes
Suplentes: Quim, Moreira, Beto, Paulo Ferreira, Rui Jorge, Fernando Couto, Petit, Tiago
Seleccionador: Luiz Felipe Scolari

Inglaterra: James; Ashley Cole, Campbell, Terry, Gary Neville; Scholes (Phil Neville 57), Gerrard (Hargreaves 81), Lampard, Beckham (c); Rooney (Vassell 27), Owen
Suplentes: Robinson, Walker, Bridge, Carragher, Butt, Joe Cole, Dyer, Heskey
Seleccionador: Sven-Göran Eriksson

Árbitro: Urs Meier (Suíça)

Melhor em Campo: Ricardo Carvalho (Portugal)