Del Bosque orgulhoso por deixar marca
sábado, 30 de junho de 2012
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Vicente del Bosque disse que o facto do futebol da Espanha ser reconhecido e apreciado é "talvez mais importante do que os êxitos" que ajudou a alcançar desde que substituiu Luis Aragonés.
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Quando Vicente del Bosque substituiu Luis Aragonés, depois do UEFA EURO 2008, tinha a responsabilidade de dar seguimento ao tão aguardado sucesso do seu predecessor. No entanto, o seleccionador da Espanha fez isso e muito mais.
Não só liderou a selecção "roja" à glória no Campeonato do Mundo de 2010 e à participação na final do UEFA EURO 2012, como também supervisionou a implementação continuada de uma filosofia de jogo que serviu de modelo para o resto do Mundo seguir.
Nesta entrevista exclusiva ao UEFA.com, Del Bosque fala sobre a transição da Espanha de quase vencedora para conquistadora nata, o "futebol equilibrado" praticado pela Itália e as semelhanças entre as respectivas campanhas dos finalistas do EURO.
UEFA.com: Como descreveria o processo ao qual a Espanha se submeteu nos últimos anos e que levou a tanto sucesso?
Vicente del Bosque: A Espanha gozou do melhor período na sua história futebolística nos últimos anos, com o trabalho que tem sido levado a cabo nos clubes e nas selecções jovens. Somos um país que está progressivamente a progredir em termos de instalações, formação de treinadores e na substituição de estrangeiros por jovens jogadores.
Outros também vêm treinar aqui – isso mostra que as fronteiras estão a desaparecer no Mundo do futebol. Neste momento, existe uma geração de jogadores que compreende o que é este país: um país que evoluiu, é moderno e que deixou os "caminhos complicados" para trás.
UEFA.com: Está orgulhoso do que tem atingido e do facto de muitos jovens espalhados pelo Mundo quererem copiar o estilo de jogo da Espanha?
Del Bosque: A certeza de que o nosso futebol, o futebol da Espanha, é reconhecido, significa muito para nós – é talvez mais importante do que os êxitos e a alegria que podemos criar. O futebol nem sempre foi apreciado, e felizmente agora o nosso futebol é apreciado, a todos os níveis da sociedade. Isso inclui ter jogadores que são modelos para os mais jovens seguirem.
UEFA.com: O que pensa da Itália?
Del Bosque: Pratica um tipo de futebol muito equilibrado, lida bem com as coisas. Defende bem, como muitos elementos, mas ao mesmo tempo possui muitas opções ofensivas, com dois jogadores relativamente fixos no ataque: [Antonio] Cassano e [Mario] Balotelli.
São bem apoiados por [Claudio] Marchisio e [Riccardo] Montolivo. Tem dois jogadores no meio-campo, [Andrea] Pirlo e [Daniele] De Rossi, que ditam o ritmo do seu futebol. Têm um lateral-direito, [Christian] Maggio, que confere bastante profundidade [na sua forma de jogar]. São um pouco semelhantes a nós. Conseguem pressionar muito bem. Vai ser difícil evitar a sua pressão, mas também temos qualidades para saber como actuar em situações do género. Tenho a impressão que vai ser uma final muito renhida.
UEFA.com: A Itália pressionou mais à frente contra a Alemanha do que habitualmente costuma fazer?
Del Bosque: Sim, também fez isso frente a nós, no primeiro jogo. Existem bastantes semelhanças entre Itália e Espanha: estivemos no mesmo grupo, nos quartos-de-final ou meias-finais fomos sujeitos ao desempate por penalties, e Pirlo e [Sergio] Ramos marcaram penalties "à Panenka". Há que gostar das duas equipas. Ambas merecem ser finalistas.
UEFA.com: O conceito geral progrediu em termos daquilo que se faz antes e durante um jogo, no que à forma de jogar diz respeito?
Del Bosque: O que fazemos afecta os 23 jogadores, porque todos eles estão à nossa disposição. Queremos o melhor para eles, mas infelizmente só podemos escolher 11, e eles alinham segundo uma ideia que julgamos ser a melhor. Quando domingo chegar, esperamos agir de forma ousada no início e durante o jogo. Os jogos mudam, desenvolvem-se, e existem momentos em que é preciso fazer alterações que, se tudo correr bem, vão ajudar a ganhar um jogo.