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Blokhin concentrado no objectivo ucraniano

Oleh Blokhin restaurou a confiança na selecção da Ucrânia, mas insiste que qualquer lugar no seu lote de convocados para a fase final terá de ser bem merecido: "Não convoco jogadores pelos seus lindos olhos."

Oleh Blokhin recebe da UEFA a medalha e o boné por ter atingido 100 internacionalizações
Oleh Blokhin recebe da UEFA a medalha e o boné por ter atingido 100 internacionalizações ©Olexandr Zadiraka

Como jogador, Oleh Blokhin era senhor de um talento sublime, mas não basta a habilidade, por si só, para se chegar ao topo. Determinação, dedicação e ambição para continuar a melhorar também são essenciais. Esta é a mensagem que o seleccionador da Ucrânia tenta fazer passar aos seus jogadores e a razão pela qual, conforme os seus empregadores assinalam, "ele nunca está contente".

Blokhin deve ter ficado satisfeito na terça-feira, quando a Federação Ucraniana de Futebol (FFU) lhe deu um voto de confiança ao prolongar o seu contrato como seleccionador até ao final da fase de apuramento do Campeonato do Mundo de 2014. No entanto, é improvável que tenha sorrido.

"Blokhin nunca está completamente satisfeito", disse o presidente da FFU, Grigoriy Surkis, "mas ele é um optimista por natureza". O técnico de 59 anos não faz promessas sobre as expectativas dos co-anfitriões para o UEFA EURO 2012, mas sendo o mais bem-sucedido futebolista da Era soviética e o seleccionador dos ucranianos com mais triunfos até ao momento, vencer é algo que está sempre presente nos seus pensamentos.

Esta é a segunda vez que Blokhin responde à chamada da FFU, depois de, em Dezembro de 2003, ter resgatado a selecção da Ucrânia de um período negro. Apesar de ter chegado aos "play-off" para o Mundial de 1998, UEFA EURO 2000 e Mundial 2002, a Ucrânia caiu sempre no último obstáculo. Uma desastrosa fase de apuramento para o UEFA EURO 2004 deixou alguns observadores na Ucrânia genuinamente a acreditar que esta "quase equipa" nunca daria o passo seguinte.

Assim, na sua primeira conferência de imprensa como seleccionador da Ucrânia, Blokhin prometeu: "Qualificar-nos-emos para o Mundial de 2006 vencendo o nosso grupo de apuramento." No entanto, nem todos o levaram a sério. Ainda assim, conseguiu levar os "zhovto-blakytni" até aos quartos-de-final, onde perdeu com a Itália, que viria a conquistar o troféu.

Aqueles que acreditaram que Blokhin apenas tinha tido sorte apontaram para o subsequente falhanço da Ucrânia em chegar ao UEFA EURO 2008, mas um grupo de apuramento incluindo tanto a campeã do Mundo em título, Itália, como a finalista França, asseguraria sempre um apuramento complicado. Blokhin deixou o cargo, mas, três anos e meio depois e outra derrota num "play-off" para o Mundial, o antigo treinador do FC Dinamo Moskva voltou a ser cortejado pela FFU.

Uma das primeiras medidas de Blokhin foi aliviar a pressão dos seus jogadores, que se encontravam em baixo devido à ideia de falhanço e às irrealistas expectativas do público e da imprensa. "É claro que queremos vencer o UEFA EURO 2012, mas há, pelo menos, outras dez equipas com o mesmo objectivo", disse Blokhin. "A nossa prioridade é passarmos a fase de grupos. Depois, logo veremos." Quando a sua equipa foi sorteada para a fase final num grupo que inclui Inglaterra, França e Suécia, Blokhin foi bastante claro: "O nosso objectivo permanece inalterado."

Após ter tido grande sucesso como jogador, complexo de inferioridade é algo que de certeza Blokhin não tem. O vencedor da Bola de Ouro de 1975 foi sete vezes campeão soviético, ganhou cinco Taças da União Soviética, duas Taças dos Vencedores das Taças e uma SuperTaça Europeia pelo FC Dynamo Kyiv. É o recordista de internacionalizações da URSS com 112 partidas, nas quais marcou 42 golos e, no seu país, é tido em enorme consideração.

De regresso a 1997, foi ele que previu que um jovem Andriy Shevchenko viria a ser o melhor jogador europeu. Sete anos depois, "Sheva" recebeu a sua Bola de Ouro e ainda continua bastante grato ao contributo que o seu antecessor deu à sua carreira. "Nunca esqueci a mensagem de Blokhin", disse recentemente o antigo ponta-de-lança do AC Milan, "mas a principal razão para o meu reconhecimento em 2004 foi o sucesso da selecção ucraniana sob o seu comando".

As duas grandes figuras do futebol ucraniano estão de novo reunidas, sonhando com o sucesso no UEFA EURO 2012, mas Blokhin insiste que escolherá os seus jogadores pelo seu mérito e não pelas suas glórias passadas. Não convoco ninguém pelos seus belos olhos. Na minha equipa, apenas quero jogadores que estejam preparados para lutar pelo nosso país." Blokhin também salientou que nem Artem Milevskiy nem Andriy Voronin, dois dos seus principais atletas, têm um lugar assegurado na fase final."

"Estes jogadores precisam de ser os nossos líderes, mas, actualmente, não estão a cumprir o seu potencial. Se isso não mudar, podem não ser incluídos nos meus convocados para o UEFA EURO 2012. Não olho a nomes." Como a história recente tem mostrado, as exigências de se representar a selecção da Ucrânia podem ser enormes, mas não há padrões mais elevados do que aqueles estabelecidos por Blokhin. Não é de estranhar porque nunca está satisfeito.