Heróis de culto do EURO: 1996 – Karel Poborský
sábado, 30 de abril de 2016
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"Quase que o fiz demasiado bem", disse o checo Karel Poborský sobre o angustiante tempo de espera para ver se o seu chapéu entrava na baliza de Portugal, em jogo do EURO '96.
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"Sempre gostei de marcar mais em jeito do que em força", confessou Karel Poborský, ao recordar o jogo frente a Portugal, nos quartos-de-final do EURO '96, decidido por um fantástico chapéu seu aos 53 minutos.
Repetições sem conta significam que dificilmente esquecerá esse golo em Birmingham. "Jiří Nemec passou-me a bola. Enfrentei dois ou três adversários e perdi a bola, mas no ressalto ela voltou para mim, e subitamente fiquei isolado nas costas da defesa", diz o antigo médio-ofensivo. "[Vítor] Baía estava muito adiantado por isso foi a coisa mais fácil de fazer. Quase que o fiz demasiado bem – a bola subiu muito e, por momentos, pensei que ia passar por cima da barra. Mas acabou por entrar e foi um golo muito importante para nós".
Quase um desconhecido
Os adeptos fora da República Checa não sabiam muito sobre Poborský quando o jogador de 24 anos chegou a Inglaterra para disputar o EURO '96. Tinha uma carreira relativamente modesta no seu país até então: em 1994, quando todos os grandes clubes o quiseram contratar ao Dynamo České Budějovice, inesperadamente optou por rumar ao Viktoria Žižkov, transferindo-se para o Slavia Praga na época seguinte e ajudando à conquista do campeonato checo - e alcançar as meias-finais da Taça UEFA - na sua única temporada com o clube da capital.
Aventuras europeias
Os checos chegaram à final do EURO '96, estando mesmo em vantagem frente à Alemanha durante 14 minutos na segunda parte, só que acabaram por sucumbir a um golo de ouro. No entanto, Poborský não teve muito tempo para reflectir sobre o quanto tinham estado perto da glória, já que se mudou para o Manchester United quase de seguida. E mesmo que David Beckham tenha ganho a luta a longo-prazo pela titularidade no lado direito do meio-campo do Manchester United, Poborský nunca se arrependeu da passagem por Inglaterra, onde conquistou o campeonato na época de estreia. "A transferência para o Manchester United abriu-me as portas do Mundo", disse. "Foi a melhor decisão da minha vida".
Seguiu-se uma passagem pela Liga portuguesa, onde o estilo tecnicista de Poborský assentou que nem uma luva. Juntamente com João Pinto, o extremo era a força criativa do Benfica, e foi idolatrado em Lisboa. Depois, Pavel Nedvěd, seu companheiro de selecção, recomendou-o à Lázio, onde foi colega de equipa de Alessandro Nesta e Hernán Crespo.
Recorde de internacionalizações
O treinador Dušan Uhrin proporcionou a Poborský a sua primeira internacionalização, na goleada por 4-1 sobre a Turquia, num amigável realizado em Fevereiro de 1994 – o primeiro jogo oficial da República Checa desde a dissolução da antiga Checoslováquia. A sua carreira internacional contou com presenças em três EUROs, onde foi finalista vencido em 1996 e elimnado nas meias-finais, em 2004.
O guarda-redes Petr Čech – que na sua estreia em 2002, com 19 anos, teve a companhia de Poborský – igualou recentemente o seu recorde de 118 internacionalizações.
Regresso a casa
Poborský regressou à República Checa em 2002, para representar o Sparta Praga – arqui-rival do Slavia Praga, sua antiga equipa. Como capitão, conquistou dois campeonatos e uma Taça da República Checa, para além de ter alcançado os oitavos-de-final da edição 2003/04 da UEFA Champions League. Terminou a carreira em Maio de 2007, depois de duas temporadas no České Budějovice, clube onde a tinha iniciado.