Gianluigi Buffon: homenagem a uma carreira brilhante
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
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O antigo guarda-redes da Juventus e do Paris, Gianluigi Buffon, vai receber o Prémio Presidente da UEFA em 2024, ocasião para relembramos um dos maiores nomes de sempre da UEFA Champions League.
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Certa vez, Gianluigi Buffon brincou com o facto de poder jogar até aos 65 anos, mas acabou por encerrar a carreira aos 45. Numa altura em que foi confirmado como o novo vencedor do Prémio Presidente da UEFA em 2024, celebramos um dos maiores nomes de sempre da UEFA Champions League.
O que talvez não saiba
• Buffon provém de uma família de desportistas, onde se incluem pai (atletismo, lançamento do peso), mãe (atletismo, lançadora do disco) e as duas irmãs (voleibol).
• Buffon teve de superar um terrível medo de vespas. "Instantes antes de um jogo, o treinador de guarda-redes disse-me que o Buffon não ia poder jogar – não sei ia conseguir atirar para o chão, porque havia por ali muitas vespas," Fabio Capello explicou. "'OK, não há problema,' disse, e pedi ao suplente para se preparar para jogar. Dez segundos depois, Buffon disse-me que a sua fobia tinha passado, porque queria mesmo muito jogar."
Buffon em números
Selecção de Itália: 176 jogos
Competições de clubes da UEFA: 167 jogos
Competições nacionais: 808 jogos
• Buffon apoia o Borussia Mönchengladbach na Alemanha. "Quando era miúdo não sabia pronunciar o nome. Agora já consigo melhor, mas acho que ainda não acerto totalmente." Quando a Juventus defrontou a equipa da Bundesliga na UEFA Champions League, em 2015/16, Buffon ofereceu um par de luvas suas aos adeptos do clube, mas não recebeu nada em troca. Mais tarde, o Gladbach acabou por lhe enviar um cachecol.
• Buffon começou por jogar como médio, tornando-se depois guarda-redes porque o seu herói de infância era o antigo guardião camaronês Thomas N'Kono. O seu primeiro filho, Louis Thomas, recebeu o nome em homenagem a esse seu ídolo.
• Para além de ter dois filhos com a sua antiga esposa, a modelo checa Alena Šeredová, Buffon tem outro filho, Leopoldo Mattia, fruto da relação com a apresentadora de TV, Ilaria D'Amico. Tanto D'Amico como o antigo treinador de Buffon na Juve, Massimiliano Allegri, fizeram troça de um bigode ao estilo de Tom Selleck que, em tempos, o guardião chegou a usar.
Curiosidades
Parma
• Estreou-se com apenas 17 anos, a 19 de Novembro de 1995, e conseguiu manter a sua baliza inviolada num empate frente ao AC Milan, efectuando defesas notáveis a remates de Roberto Baggio e George Weah.
• No espaço de apenas uma semana, em 1999, conquistou os seus dois primeiros títulos: primeiro a Taça de Itália e depois a Taça UEFA.
• Regressou ao Parma – que tinha acabado de ser despromovido à Serie B – no Verão de 2021, 20 anos depois de terminar a sua primeira passagem pelo clube, tendo somado 500 jogos sem sofrer golos durante a sua carreira.
Juventus
• No Verão de 2001 tornou-se no guarda-redes mais caro da história, contratado pela Juventus por 50 milhões de euros. Conquistou o Scudetto logo no primeiro ano em Turim.
• Em 2002/03 ajudou a Juventus a chegar à final da UEFA Champions League; depois de um 0-0 com o Milan em Manchester ao fim de 120 minutos, a turma de Turim viu-se batida nos penalties, embora Buffon tenha defendido duas grandes penalidades num jogo em que tinha já feito uma defesa extraordinária, por instinto, para negar um golo a Filippo Inzaghi.
• A Vecchia Signora foi despromovida à Serie B no Verão de 2006, mas Buffon manteve-se no clube, ajudando-o a regressar rapidamente à elite italiana. Em Novembro desse ano, a Juventus comprou espaço publicitário nos três principais jornais desportivos italianos para agradecer a fidelidade do guarda-redes.
• Ganhou três títulos seguidos sob o comando de Antonio Conte e depois mais quatro com Allegri.
• Em Março de 2016, com 38 anos, quebrou um recorde de 22 anos ao completar 974 minutos sem sofrer golos na Serie A.
• Buffon viria a perder outra final da UEFA Champions League, em 2015, derrotado por 3-1 pelo Barcelona em Berlim, apesar de uma estrondosa defesa a remate de Dani Alves na primeira parte.
• Em Março de 2016, com 38 anos, quebrou um recorde da Serie A que vigorava já há 22 anos ao estar 974 minutos seguidos sem sofrer golos.
• Ao ter perdido também pela Juventus a final de 2017 da UEFA Champions League, frente ao Real Madrid, Buffon partilha com o antigo colega Paolo Montero o infeliz recorde de jogadores que mais finais da Taça dos Campeões/UEFA Champions League disputaram sem nunca terem erguido o troféu: três.
• Conquistou o título de campeão de Itália na sua última temporada como jogador da Juventus antes de sair para o Paris, em 2018, tornando-se no primeiro jogador a vencer nove Scudettos. Na primeira passagem pelo clube fez 640 jogos e ficou apenas a sete do recordista Paolo Maldini.
Juventus
• Regressou a Turim em 2019, declinando a camisola nº1 e a braçadeira de capitão, optando por envergar o nº77, por sinal o mesmo número que tinha usado durante a sua última época no Parma.
• Estabeleceu novos recordes de jogos disputados por um jogador italiano ao nível de clubes (ultrapassando os 902 de Paolo Maldini) e partidas no campeonato transalpino pela Juventus (Alessandro Del Piero, 478). Também igualou o recorde de Maldini no que diz respeito às presenças em encontros da Serie A (647).
• Manteve pela 52ª vez inviolável a sua baliza na UEFA Champions League no terreno do Barcelona,ficando apenas atrás de Iker Casillas (57).
• Os 167 jogos de Buffon nas competições de clubes da UEFA terminaram com 87 vitórias, 42 empates e 38 derrotas; não sofreu golos em 68 encontros.
Paris Saint-Germain
• Terminou uma ligação de 17 anos à Juve quando se mudou para o Paris Saint-Germain num contrato válido por uma época. Venceu a Ligue 1 na sua única campanha em França.
• Foi usado num sistema de rotação com Alphonse Areola mas, após ter cumprido um castigo, foi sempre titular na UEFA Champions League. Tornou-se apenas no terceiro guardião a atingir os 50 jogos na competição sem sofrer golos.
Itália
• A 29 de Outubro de 1997, estreou-se com 19 anos como suplente utilizado na primeira mão do play-off de acesso ao Campeonato do Mundo da FIFA de 1998, ajudando a somar um empate precioso.
• Sofreu apena dois golos na caminhada da Itália rumo à glória na fase final do Mundial 2006, na Alemanha.
• Realizou mais um grande torneio no UEFA EURO 2012, capitaneando a Itália até à final, onde foi derrotado pela Espanha, por 4-0, em Kiev. Buffon e a Itália conseguiram a desforra dos espanhóis nos oitavos-de-final do UEFA EURO 2016 antes de serem eliminados nos penáltis, pela Alemanha, nos quartos-de-final.
• Durante a campanha no Mundial 2014, no Brasil, Buffon tornou-se no terceiro jogador da história a participar em cinco fases finais do Campeonato do Mundo, depois do mexicano Antonio Carbajal e do alemão Lothar Matthäus.
• Em 2013, ultrapassou Fabio Cannavaro como jogador italiano com mais internacionalizações (137). Depois, ao atingir as 168 partidas, passou Casillas como o jogador europeu com mais jogos. Depois disso, o recorde foi ultrapassado por Sergio Ramos (180) e Cristiano Ronaldo (200).
• Disputou o seu jogo 1000 como futebolista profissional frente à Albânia, em Março de 2017, a contar para a Qualificação Europeia, e depois anunciou a retirada da selecção em Novembro do mesmo ano, com 175 internacionalizações; voltou atrás na decisão e fez ainda mais um jogo, terminando com 176.
O que dizem dele
"Fico estupefacto quando penso que ele nunca ganhou uma Bola de Ouro. Sem dúvida que o merecia, por tudo o que já fez. Para mim, é o melhor guarda-redes da história do futebol. É um ícone, uma verdadeira lenda."
Leonardo Bonucci, ex-coelga de Buffon na Juventus e na selecção de Itália
"O facto de Gigi Buffon ter começado muito novo ajudou-me bastante e serviu de modelo. Curiosamente, ambos continuamos ao mais alto nível. Sempre que há a possibilidade, conversamos um pouco, fruto de uma amizade forjada ao longo de muitos anos."
Iker Casillas, antigo guarda-redes de Real Madrid, Porto e Espanha
"Estamos a falar do nº1 mundial. Ele tem sido o melhor ao longo de toda a carreira. Costumo dizer que, quando um qualquer guarda-redes comete um erro, ninguém diz nada, mas quando Buffon comete um erro, é notícia."
Marcello Lippi, antigo treinador da Juventus e da Itália
Discurso directo
"É engraçado quando escrevem o nosso obituário e depois mostramos que estavam errados. Podem ir ao meu funeral, mas não vão encontrar lá ninguém. É para isto que vivo: para fazer os outros engolirem as suas palavras."
"Não perdi muitas vezes na minha vida, mas as derrotas ensinaram-me mais do que as vitórias. Sempre que perco, procuro focar-me nas qualidades dos meus adversários e nos erros que cometi. Não procurar desculpas é a atitude correcta."
"O mais importante para um guarda-redes é a segurança que transmite aos colegas. Há que transmitir essa segurança, independentemente de, na realidade, nos sentirmos ou não seguros. Há que fazer os outros acreditarem que temos o controlo da situação e que podem confiar em nós. Um guarda-redes nervoso torna uma equipa nervosa."
"Percebe-se o quanto um guarda-redes é bom olhando para a forma como reage a um erro, com mais ou menos remorsos e indecisões. Quanto mais erros se comete, mais a confiança fica abalada. Mas comigo é o contrário: entusiasma-me estar no meio da tempestade."