Quando Xavi conheceu Scholes, herói do United

É costume dizer que nunca devemos conhecer os nossos heróis. De pé, junto à linha lateral em Old Trafford, cabelo com ligeira franja a toda a largura, Xavi Hernández, de 18 anos, estava prestes a mostrar o que sabia fazer. “Paul Scholes! Um modelo”, disse ao jornal The Guardian em 2001. “Para mim, é o melhor médio-centro que já vi jogar nos últimos 15, 20 anos. Ele é espectacular, tem tudo: último passe, é forte, não perde a bola, tem visão.”

No momento em que Xavi correu para estrear-se na UEFA Champions League – a 16 de Setembro de 1998 –, na primeira jornada da fase de grupos, Scholes já tinha marcado e o Manchester United FC vencia por 3-2 aos 67 minutos. Jogando numa missão mais defensiva, do género da protagonizada actualmente por Sérgio Busquets no FC Barcelona, Xavi havia sido apontado como o sucessor de Josep Guardiola (conta-se que Guardiola lhe terá dito um dia: “Vais mandar-me para a reforma”). Ao recém-chegado, o treinador Louis van Gaal pediu que ajudasse a controlar o jogo. Três minutos volvidos, Nicky Butt foi expulso por mão na bola dentro da área e o actual treinador dos “blaugrana”, Luís Enrique, fez o empate de grande penalidade.

Paul Scholes em 2009©Getty Images

"O que faço é procurar espaços”, disse Xavi à Champions Matchday em Abril de 2013. “Estou sempre à procura. As pessoas que nunca tenham jogado futebol não sabem como isso é difícil. Espaço, espaço, espaço… Eu penso: o defesa está aqui, joga para ali. Vejo o espaço e faço o passe.” Em palavras ao  “site” do Barça, em Março, descreveu-se como “um rapaz ingénuo” mas, mesmo nessa altura, tinha visão de jogo.

Em 2003, Frank Rijkaard assumiu funções como treinador e retocou o desempenho de Xavi: “Ele disse que eu tinha talento para jogar mais à frente. De início não me senti muito bem e nunca imaginei que os melhores anos da minha carreira seriam como médio-centro. Mas foi isso que sucedeu." Xavi tem estado agora a jogar como o seu herói,  controlando os jogos, marcando e criando lances de golo. Nas vezes em que se reencontrou com Scholes, nas finais de 2009 e 2011 da UEFA Champions League, o médio espanhol estava no seu apogeu. Em ambos os jogos fez assistências para golos e conseguiu as suas segunda e terceira vitórias na competição.

A viver agora a última época no Barça, possivelmente o seu canto de cisne na prova, Xavi é o jogador com quem os adolescentes se encantam quando partilham o relvado com ele pela primeira vez. Talvez alguns cresçam e sejam bem-sucedidos.

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