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Radamel Falcao, parte um: ascensão e sucesso no Porto

Na primeira de duas partes de uma longa entrevista, Radamel Falcao fala da preferência pelo futebol, da estreia sénior aos 13 anos, da saída para o River Plate e da glória no Porto.

Radamel Falcao depois de marcar o golo recorde pelo Porto na UEFA Europa League
Radamel Falcao depois de marcar o golo recorde pelo Porto na UEFA Europa League ©Getty Images

A perda do basebol foi o ganho do futebol! Na primeira parte de uma longa entrevista, Radamel Falcao fala do seu percurso, da estreia nos seniores aos 13 anos, da transferência para o River Plate, com 15, e da chegada ao estrelado no Porto.

Principais tópicos desta entrevista
1999
: Depois de ter escolhido o futebol em detrimento do basebol e regressado a casa vindo da Venezuela, Falcao estreou-se nos seniores numa formação do segundo escalão colombiano, o Lanceros Boyacá, com 13 anos.
2001
: Ruma à Argentina para jogar no River Plate, chegando à equipa principal em 2005.
2009
: Ingressa no Porto e estreia-se na UEFA Champions League numa visita ao Chelsea. Duas semanas depois marca o primeiro golo europeu a um dos seus futuros clubes, o Atlético.
2011
: Ganha a "dobradinha" em Portugal e a UEFA Europa League, apontando um número recorde de 17 golos na competição europeia, incluindo o do triunfo na final, sobre o Braga.

UEFA.com: Comecemos pela sua infância na Colômbia. Sendo um grande jogador que ganhou tanta coisa, sabemos que teve de escolher entre o basebol e o futebol. Fale-nos sobre isso.

Radamel Falcao: Nessa altura estávamos na Venezuela e o basebol era o principal desporto na altura. Pratiquei-o e competia ao mais alto nível.

O meu pai percebeu que tinha de tomar uma decisão e decidiu que deveriamos regressar à Colômbia, de modo a que me pudesse dedicar apenas ao futebol. Teria sido ainda mais difícil fazer isso na Venezuela, pois poderia ser tentado pelo basebol, desporto que eu gostava e que poderia praticar ao mesmo tempo que o futebol.

©Getty Images

UEFA.com: Se calhar o momento em que provou ter feito bem em optar pelo futebol foi quando tinha 13 anos e se estreou pelo Lanceros. Como foi chegar ao futebol profissional com essa idade?

Falcao: Eu era muito novo e nessa altura criaram uma lei na Colômbia que incentivava os clubes a apostarem nos jovens jogadores. O clube onde eu estava, o Lanceros, tinha muitos titulares lesionados e castigados. Não havia muitas mais opções e acabaram por me escolher a mim, apesar de não estar à espera.

O fantástico chapéu de Falcao ao Manchester City

UEFA.com: Acabaria por chegar ao River Plate ainda muito novo. Como soube e em que pensava quando decidiu aceitar a proposta?

Falcao: Naquela altura, os jogadores colombianos começavam a sair para clubes argentinos como o River Plate, e mostraram o caminho a muitos outros.

Dado que seguia o campeonato de perto, decidi ir para lá e quando chegou a possibilidade de ir para o River, não tive dúvidas. Os meus pais sabiam que fazia parte do meu sonho e apoiaram-me desde muito cedo. Aceitaram a minha decisão e deixaram-me ir para a Argentina em busca do meu sonho.

UEFA.com: Quando se estreou, Gonzalo Higuaín, Javier Mascherano, Marcelo Salas, Lucho González e Marcelo Gallardo estavam todos no clube. Juntos somam mais 380 jogos nas provas da UEFA. Descreva-nos o ambiente no balneário.

Falcao: Naquele tempo tínhamos alguns jogadores no River que iriam ter carreiras fantásticas a nível mundial. Poder estrear-me como profissional e jogar com companheiros daquele calibre foi uma experiência maravilhosa e ajudou-me a evoluir como jogador, bem como noutras áreas.

Aprendi a actuar como um profissional e partilhar um balneário com jogadores como Gallardo, Marcelo Salas, Lucho González, Mascherano e Ernesto Farías, que foram todos jogadores de topo, foi um sonho que se realizou. Sonhava apenas em estar com eles, em jogar com eles, situação que se viria a concretizar.

UEFA.com: Devido às redes sociais, o mundo do futebol é agora muito pequeno, mas imagino que não seria o caso quando se mudou de continente para vir para o Porto. Teve tempo para investigar coisas como o clima, a comida e o clube?

Falcao: Quando soube que o Porto estava interessado em mim, comecei a pesquisar coisas da cidade e do clube, que via actuar na Champions League. Mas, para além do que o Porto é como cidade, as pessoas e a cultura, foi uma nova experiência que me entusiasmou porque queria vir para a Europa jogar e penso que foi a melhor opção.

O clube abriu-me as portas e fez-me evoluir em muitos aspectos. O treinador Jesualdo Ferreira ensinou-me bastante e o clube estava muito preparado. Limitava-me apenas a fazer o meu trabalho. Os bons resultados vieram depressa porque os golos surgiam, e deixei a minha marca nos tempos em que joguei no Porto.

UEFA.com: Estreou-se na UEFA Champions pelo Porto num jogo fora com o Chelsea, mas apesar do seu bom momento de forma na altura, André Villas-Boas apenas o utilizou como suplente nesse jogo.

Falcao: Foi muito emocionante, quase como fazer outra estreia. Foi aí que comecei na Champions League. O Chelsea tinha muitos jogadores de classe na altura. É verdade que estava a marcar muitos golos nos jogos anteriores, mas o meu treinador foi muito cauteloso ao me fazer entrar a meio do jogo.

Mais tarde, comecei a ser titular e a marcar golos também, contra Atlético e APOEL. Acabámos por chegar aos oitavos-de-final, onde defrontámos o Arsenal.

Veja seis grandes golos de Falcao

UEFA.com: Vamos falar sobre o primeiro golo na Champions League, bem bonito por sinal. Na altura recebeu uma magnífica assistência do Hulk. Fale-nos desse fantástico lance contra Luís Perea, que é também seu compatriota. Fale-nos de tudo, até da assistência, que fez com que marcasse um tento magnífico.

Falcao: Foi o meu primeiro jogo na Champions League como titular. Jogávamos em casa, no Estádio do Dragão. Recordo que o guarda-redes do Atlético Madrid era o Roberto, que se viria a lesionar, pelo que o treinador decidiu avançar com o [David] de Gea, que tinha 17 anos na altura. A bola foi parar a Hulk numa das alas.

Ele tentou o remate duas vezes e a bola acabou por ressaltar sempre para ele. Quando percebeu que não havia mais nada a fazer, levantou a cabeça e viu-me. Tinha a baliza à frente e teria sido muito complicado rematar de forma convencional. A única opção foi o calcanhar e foi isso que fiz quando a bola veio para mim.

De Gea fez-se ao lance, mas consegui batê-lo. Quando nos encontramos, chateio-o sempre sobre esse golo: eu fui o primeiro jogador a marcar-lhe um golo na sua carreira profissional.

©Getty Images

UEFA.com: Recordemos agora a fantástica temporada 2010/11 com o Porto. Qual foi o momento mais importante nessa caminhada para o triunfo na Europa League? O "hat-trick" em Viena, o "hat-trick" contra o Spartak de Moscovo, os quatro golos contra o Villarreal: recordando todas essas situações, qual foi a mais importante?

Falcao: Marcar numa final é muito especial, e ajudar a equipa a ganhá-la graças a um golo marcado por mim é ainda mais especial e extremamente gratificante. Fico-me pelo golo na final da Europa League porque nos deu a vitória e o meu primeiro título europeu.

Na segunda parte desta entrevista, a publicar antes da segunda mão contra o Manchester City, Falcao fala do seu sucesso no Atlético Madrid e Mónaco.