Bayern atento a Porto perigoso

O FC Porto espera encarnar o espírito de 1987 – ano em que bateu o FC Bayern München na final –, após ter sido sorteado frente ao conjunto bávaro nos quartos-de-final, embate que Josep Guardiola sabe que não vai ser fácil. 

Análise ao sorteio
• O Porto venceu o Bayern por 2-1 na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987, em Viena, apesar de ter estado a perder, por culpa do golo de Ludwig Kögl aos 25 minutos. Rabah Madjer empatou a 13 minutos do fim e, três minutos volvidos, Juary Filho deu a vitória ao Porto, que conquistou o troféu pela primeira vez.

• O Bayern teve uma pequena desforra quando eliminou o Porto nos quartos-de-final da edição 1990/91 e 1999/2000 do torneio. Na primeira ocasião, o Bayern empatou a primeira mão a um golo, em casa, antes de vencer por 2-0 em Portugal. Nove anos depois, o primeiro jogo também terminou empatado a um, e desta vez realizou-se em Portugal, antes de o Bayern prevalecer por 2-1 em Munique, apurando-se graças ao golo de Thomas Linke em tempo de compensação.

• Essa derrota na final de 1987 frente ao Porto é o único desaire do Bayern em 22 jogos frente a equipas portuguesas, dos quais venceu 13. Em Portugal soma cinco vitórias e seis empates.

• Entretanto, o Porto não perde há três jogos, em casa e fora, frente a equipas alemãs. No seu reduto não perdeu nos últimos seis jogos frente a formações da Bundesliga, desde o triunfo do Bayern em Março de 1991.

• O Bayern ganhou os quatro jogos caseiros realizados nesta edição da UEFA Champions League, com 13 golos marcados e nenhum sofrido.

Reacções
Josep Guardiola, treinador do Bayern
O sorteio é o que é. Todas as equipas têm uma qualidade especial. Porto e Shakhtar fizeram parte do mesmo grupo, por isso já vimos alguns dos seus jogos [quando analisaram o FC Shakhtar Donetsk para os oitavos-de-final]. O Porto tem uma grande equipa e um estádio imponente. São muito fortes fisicamente e atacam com muito ritmo e velocidade. Mas nos quartos-de-final não se podem esperar confrontos fáceis.

Philipp Lahm, capitão do Bayern
Podia-nos ter calhado um adversário mais complicado. Mas o Porto atingiu os quartos-de-final de forma convincente e mostrou a sua qualidade. Para nós é importante conseguir um bom resultado na primeira mão melhor do que aquele que alcançámos nos oitavos-de-final [empate a zero com o FC Shakhtar Donetsk].

No futebol da actualidade não faz muita diferença se jogamos a primeira mão em casa ou fora. O Porto é uma equipa tecnicamente dotada, não se limita a defender muito atrás mas também gosta de ter a iniciativa. Vamos ter mais posse de bola nos dois jogos, por isso tudo vai depender do nosso desempenho.

Manuel Neuer, guarda-redes do Bayern
O ambiente no Porto é muito quente. Tive a oportunidade de ver os adeptos do Porto durante a final da Champions League de 2004, frente ao Mónaco – o ambiente foi incrível. Com adeptos deste tipo não será fácil para nós, mas já jogámos em muitos estádios diferentes, com ambientes distintos, por isso sabemos o que nos espera e como lidar com isso.

Vítor Baía, antigo guarda-redes do Porto
Este era um dos adversários menos desejáveis, mas não há impossíveis e a eliminatória começa 0-0. Da última vez que defrontámos o Bayern [na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987] não éramos favoritos mas ganhámos. Num dia perfeito e com um jogo perfeito, tudo pode acontecer.

Fernando Gomes, embaixador do Porto
Nesta fase da Champions League todas as equipas são difíceis. Calhou-nos o Bayern, um clube que toda a gente sabe que é um colosso do futebol europeu e mundial. É uma grande equipa, composta por jogadores de topo e com um excelente treinador. Acreditamos no projecto que estamos a desenvolver. Acreditamos na ambição e juventude da equipa. Acreditamos que temos uma palavra a dizer neste embate.

Temos um forte desejo de vencer mas sabemos que a eliminatória vai ser decidida dentro de campo. É um confronto que não tem favorito. Esse vai revelar-se após o fim dos dois jogos, e acredito que podemos ser nós. Conhecemos a história do Bayern mas também temos o nosso prestígio europeu. Possuímos uma equipa jovem e ambiciosa, que pode mostrar o seu real valor nesta eliminatória a duas mãos.