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Ana Borges: A recordista de Portugal que não o esperava ser

Agora a futebolista mais internacional de sempre pela selecção feminina de Portugal, Ana Borges percorreu um longo caminho desde a sua infância numa pequena aldeia.

Ana Borges
Ana Borges UEFA

Ana Borges fixou um novo recorde de 146 jogos por Portugal contra os Países Baixos, na segunda jornada do UEFA Women's EURO 2022, deixando para trás o anterior máximo de longa data de Carla Couto.

Agora com 32 anos, Ana Borges estreou-se pela selecção principal feminina de Portugal ainda adolescente, em 2009, numa altura em que Portugal ainda esperava por uma primeira presença em fases finais de grandes competições. A espera terminou em 2017 e foi agora repetida em 2022, em Inglaterra.

"É um grande orgulho jogar por Portugal para mim ou para qualquer outra jogadora", diz a atacante de 32 anos. "Sabemos que somos privilegiadas porque esta é a nossa segunda vez numa fase final do UEFA Women's EURO.

"Para qualquer jogadora, chegar à selecção tem que ser o maior sonho, e por isso também representamos as outras jogadoras que não podem estar aqui, porque 23 é um grupo muito pequeno."

Palavras que vêm enfatizar a escala do feito de Ana Borges ao disputar tantos jogos por Portugal e de ter superado o registo de uma das pioneiras do futebol feminino português. Prova da qualidade e da longevidade da jogadora do Sporting, mas que poderia muito bem não ter acontecido.

Borges durante o jogo com os Países Baixos, em que se tornou a mais internacional de sempre por Portugal
Borges durante o jogo com os Países Baixos, em que se tornou a mais internacional de sempre por PortugalGetty Images

Olhando para trás, reconhece que percorreu um longo caminho desde a sua infância em Gouveia, uma aldeia situada no interior de Portugal.

"Lembro-me sempre de onde vim – sou uma pessoa humilde", diz. "Comecei a jogar futebol na terra e agora joguei em Wembley, mas sou a mesma rapariga que começou a jogar futebol na terra com os meus amigos e irmãos. Nunca esquecerei as minhas origens."

Sempre disse a mim mesma: Estou feliz, tenho a minha família, que sempre me motivou a nunca desistir. Não sabia que um dia acabaria como jogadora de futebol."

Os seus primeiros tempos no futebol não davam muitas indicações de que um dia representaria o seu país ou que jogaria num torneio em que estão a ser quebrados recordes de público e de audiências televisivas.

 Borges à conversa com Karen Carneydurante o Women's EURO 2017
Borges à conversa com Karen Carneydurante o Women's EURO 2017SPORTSFILE

"Quando comecei a jogar, não havia tantas equipas femininas como isso. Sou de uma terra pequena e havia apenas quatro equipas na região, pelo que foi ainda mais difícil", lembra Borges. "Não havia muita informação ou apoio em relação ao futebol feminino, tivemos que ir procurar os clubes por conta própria."

"A minha família apoiou-me e nunca me colocou limitações. Disseram-me sempre: 'Vai! Luta por isso! Corre atrás dos teus objetivos e luta pelos teus sonhos. Se um dia não quiseres ou não conseguires, é porque não era para ser. Não desistas do que queres ser.'"

"Depois, nunca poderei esquecer também o meu primeiro clube", prossegue. "Iam buscar-me a casa e levavam-me de volta, esforçaram-se muito, o que me permitiu jogar futebol. Se isso não fosse uma opção, talvez não estivesse aqui, ou talvez demorasse mais."

"Se alguém desse clube estivesse aqui, a primeira coisa que eu faria seria mostrar minha gratidão. É impossível ser grata o suficiente por todas as coisas que fizeram por mim."

Borges percorreu, pois, um caminho improvável até o topo do jogo, mas a sua história serve de inspiração para qualquer jovem que deseje seguir os seus passos. Com mais investimento no futebol feminino e de formação do que nunca, e um compromisso da UEFA em proporcionar oportunidades a todas as mulheres e raparigas que desejem jogar, a próxima geração pode ousar sonhar.